Jóias roubadas de museu de Dresden à venda na dark web

Autoridades alemãs ainda não fizeram qualquer comentário sobre a alegada proposta de venda, por nove milhões de euros, de duas das peças roubadas.

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A estrela da Ordem da Águia Branca que foi roubada do museu alemão LUSA/JUERGEN KARPINSKI/STAATLICHE KUN HANDOUT

Peças roubadas a 25 de Novembro do chamado Cofre Verde, um dos museus mais antigos do mundo, apareceram à venda na dark web, noticiam os jornais Le Figaro e The Telegraph.

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Peças roubadas a 25 de Novembro do chamado Cofre Verde, um dos museus mais antigos do mundo, apareceram à venda na dark web, noticiam os jornais Le Figaro e The Telegraph.

De acordo com o diário britânico, funcionários do grupo israelita CGI terão trocado mensagens num chat com pessoas que se propunham vender jóias resultantes do assalto ao museu alemão por nove milhões de euros, pagáveis na criptomoeda bitcoin. Este chat estará alojado na chamada dark web, um conjunto de redes que se encontram escondidas, através de sistemas de encriptação, na Internet visível a que o comum utilizador tem acesso.

Embora também possa ser usada por agências de segurança, activistas e outras autoridades que lidem com informação sensível, a dark web é terreno fértil para actividades ilegais, desde a pornografia infantil à venda de drogas e armas, chegando até aos homicídios por encomenda.

Um dos objectos cuja compra terá sido proposta aos funcionários da CGI, uma empresa especializada em aconselhamento estratégico em negócios e em consultoria de segurança e de cibersegurança, é um diamante de 49 quilates, mundialmente famoso. O outro é uma estrela da Ordem da Águia Branca, a mais alta condecoração polaca.

No assalto, que durou poucos minutos e foi registado pelas câmaras de vigilância do Cofre Verde, nome por que é popularmente conhecido o museu histórico de Dresden que guarda um dos maiores tesouros da Europa, desapareceram três conjuntos de jóias do século XVIII, que englobam cerca de uma centena de peças “de valor inestimável”, disse na altura ao tablóide alemão Bild a directora dos museus públicos desta cidade da Saxónia, Marion Ackermann.

Estes conjuntos, que incluem uma espada cravejada de pedras preciosas, vários broches e medalhões e o colar de pérolas de uma rainha, cuja identidade o diário Frankfurter Allgemeine não especificava, são de grande importância histórica, sendo o seu valor simbólico muito superior ao material, garantiram por ocasião do roubo, à televisão britânica BBC, os conservadores do museu.

O jornal Bild, que em Novembro quantificou as jóias roubadas em mil milhões de euros, valor nunca comentado pelas autoridades, publica agora o conteúdo da mensagem enviada pelos hipotéticos vendedores aos funcionários da empresa israelita. “Nós temos em nosso poder o ‘Branco de Dresden’ [ou ‘Saxão Branco’, nomes por que é conhecido o diamante de 49 quilates, segundo o Telegraph e o Figaro], a estrela da ordem polaca da Águia Branca e ainda dois conjuntos de jóias do Cofre Verde. O nosso preço é de nove milhões de euros. Esperamos a vossa resposta e não vamos negociar” lê-se na mensagem enviada aos técnicos da CGI, que deixa ainda um aviso: “Reparem que usamos a dark web e ainda VPN, não tentem encontrar-nos, não conseguirão. Esta proposta é válida por 48 horas. O pagamento deve ser feito em bitcoins. Não responderemos a qualquer pergunta.”

As autoridades policiais e políticas alemãs não comentaram ainda esta alegada proposta de venda de itens roubados a 25 de Novembro nem deram qualquer indicação sobre se estão, ou não, a levá-la a sério.