Are you dead”?

Em Não Pai as palavras são mais duras do que as imagens. Daniel Blaufuks procurou nas fotografias uma ligação ao pai, uma que fosse. Pode este livro servir para reler toda a sua obra?

Foto
nuno ferreira santos

Quem olha para My Tangier (1991), a primeira monografia de Daniel Blaufuks (a meias com o compositor e escritor Paul Bowles), e para Não Pai (2019) o que notará não são apenas léguas de distância, em tempo e em conteúdo, mas sobretudo em forma. É certo que a força criativa e a eloquência de um livro não se podem medir pela gramagem do papel, pela grossura da cartonagem da capa ou pelos dourados brilhantes da lombada. O peso de um livro não tem nada a ver com o seu peso em papel; o poder do que diz e do que mostra não se mede em centímetros nem em número de páginas. Mas o que vemos num e noutro são formas de contar (por imagens e palavras) radicalmente distintas — o primeiro (uma ode a Bowles, 1910-1999) é apoiado numa fotografia vinda do cânone do preto e branco mais lúgubre, aqui e ali ainda a resvalar para a reportagem e para uma certa grandiloquência melancólica que em geral todas imagens a preto e branco daquela herança carregam; o segundo (a revelação de uma ferida sentimental) é construído segundo uma depuração absoluta, uma negação intransigente do acessório, servindo-se das imagens caseiras possíveis (as necessárias?) para acompanhar um escrito também ele enxuto.

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Quem olha para My Tangier (1991), a primeira monografia de Daniel Blaufuks (a meias com o compositor e escritor Paul Bowles), e para Não Pai (2019) o que notará não são apenas léguas de distância, em tempo e em conteúdo, mas sobretudo em forma. É certo que a força criativa e a eloquência de um livro não se podem medir pela gramagem do papel, pela grossura da cartonagem da capa ou pelos dourados brilhantes da lombada. O peso de um livro não tem nada a ver com o seu peso em papel; o poder do que diz e do que mostra não se mede em centímetros nem em número de páginas. Mas o que vemos num e noutro são formas de contar (por imagens e palavras) radicalmente distintas — o primeiro (uma ode a Bowles, 1910-1999) é apoiado numa fotografia vinda do cânone do preto e branco mais lúgubre, aqui e ali ainda a resvalar para a reportagem e para uma certa grandiloquência melancólica que em geral todas imagens a preto e branco daquela herança carregam; o segundo (a revelação de uma ferida sentimental) é construído segundo uma depuração absoluta, uma negação intransigente do acessório, servindo-se das imagens caseiras possíveis (as necessárias?) para acompanhar um escrito também ele enxuto.