TST reforça três carreiras, mas mantém supressões. Aumento da procura sobrecarregou empregados

O aumento da procura nos Transportes Sul do Tejo obrigou colaboradores a “um esforço adicional acima do que seria razoável”. Paralelamente, a empresa queixa-se de ter pedido empregados para empresas do sector público, o que terá motivado as supressões e alterações dos horários anunciadas na segunda-feira.

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Rui Gaudencio/ Arquivo

Depois de anunciadas as supressões de quatro carreiras e as alterações nos horários e percursos de quase 30, os TST – Transportes Sul do Tejo e a Área Metropolitana de Lisboa (AML) vieram, na segunda-feira à noite, anunciar o reforço de três percursos: 333, 435 e 160. As carreiras serão reforçadas “desde já”, afirma a AML em comunicado, após uma reunião com a empresa de transportes públicos.

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Depois de anunciadas as supressões de quatro carreiras e as alterações nos horários e percursos de quase 30, os TST – Transportes Sul do Tejo e a Área Metropolitana de Lisboa (AML) vieram, na segunda-feira à noite, anunciar o reforço de três percursos: 333, 435 e 160. As carreiras serão reforçadas “desde já”, afirma a AML em comunicado, após uma reunião com a empresa de transportes públicos.

No mesmo comunicado da AML, é afirmado que os TST irão “repor” os “serviços das carreiras 333, 435 e 160 que, desde hoje [segunda-feira], tinham sido suprimidos unilateralmente”. Acontece que nenhuma dessas carreiras foi suprimida — apenas viram os seus horários alterados.

As carreiras reforçadas cumprem o percurso entre Lisboa e o Vale da Amoreira (no caso da carreira 333), o Samouco (435) e Almada (160).

As carreiras 168, 260, 583101A foram suprimidas e não vão ser repostas. Só duas delas faziam ligação directa entre Lisboa e a margem sul — a 168 até à Torre da Marinha, no Seixal, e a 260 até Sesimbra.

A supressão e alteração de vários horários por parte dos TST não terá sido comunicada à AML: “A Área Metropolitana de Lisboa (AML), enquanto autoridade de transportes, foi hoje [segunda-feira] confrontada com diversas supressões de carreiras e alterações de horários, pela empresa Transportes Sul do Tejo (TST), decididas de uma forma unilateral”, lê-se na nota.

Ambas as entidades e os municípios abrangidos pelos cortes estarão, ao longo do mês de Janeiro, reunidos para reavaliar o conjunto de serviços de transporte público, de forma a garantir “a efectivação de uma rede de transportes articulada, multimodal, que promova uma mobilidade verdadeiramente sustentável”, referiu Carlos Humberto de Carvalho, presidente da AML citado no comunicado

Falta de recursos humanos obriga a “esforço adicional acima do razoável”

Aos seus passageiros, os TST não ofereceram nenhuma justificação para as alterações nas carreiras. Questionada pelo PÚBLICO, a empresa justifica as supressões e alterações de horários com o aumento da procura, alicerçada no preço mais acessível dos passes Navegante, que permitem usar todos os transportes públicos da AML por 40 euros.

Confirmando o aumento da procura na ordem dos 24% desde a introdução, em Abril, dos novos passes Navegante, a empresa refere que o crescimento foi suportado com um pedido aos colaboradores: “um esforço adicional acima do que seria razoável”. “Desta experiência resulta a constatação de uma insustentabilidade económica e humana”, sublinha a empresa.

“Surpreendentemente e pela via dos acordos alcançados pelos trabalhadores do sector público de transportes rodoviários assistimos a uma forte transferência de recursos humanos do sector privado para as empresas do sector público dotadas de maiores recursos”, continua a empresa, privatizada em 1995.

As alterações nas carreiras visam, no entender da empresa, privilegiar o “efeito de rede”, com a utilização dos serviços de comboio, barco e metro de superfície “bem como o reforço das carreiras intermunicipais”.

Como última nota, a empresa refere ainda que o volume de oferta é “claramente acima da oferta anterior ao PART [que introduziu os passes mais baratos]” e que, em conjunto com a AML, irá ser definido um “trabalho conjunto de análise dos impactos das importantes alterações da procura realizados”.

As câmaras da Moita e do Seixal, no distrito de Setúbal, já tinham exigido a reposição de carreiras e horários nos TST, justificando que as alterações não tiveram a “autorização” da AML.

Os TST, actualmente detidos pelo grupo Arriva, operam 190 carreiras na península de Setúbal, abrangendo os concelhos de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal.