Touradas voltam a ganhar espectadores pelo terceiro ano consecutivo

Pelo menos mais 4900 pessoas assistiram a espectáculos tauromáquicos este ano. Número de espectáculos mantém-se estável.

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Número de espectadores de touradas está longe dos de outros tempos, mas subiu face a 2018 Nelson Garrido

O número de espectadores das actividades tauromáquicas em Portugal continental voltou a aumentar este ano, mas o número de espectáculos mantém-se idêntico ao de 2018. De acordo com dados do Relatório da Actividade Tauromáquica 2019 da Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC), publicado esta quinta-feira, 383.900 pessoas assistiram durante este ano a actividades relacionadas com a tauromaquia, um aumento de 4900 espectadores em relação a 2018, ano em que este número se ficou pelo 379 mil.

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O número de espectadores das actividades tauromáquicas em Portugal continental voltou a aumentar este ano, mas o número de espectáculos mantém-se idêntico ao de 2018. De acordo com dados do Relatório da Actividade Tauromáquica 2019 da Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC), publicado esta quinta-feira, 383.900 pessoas assistiram durante este ano a actividades relacionadas com a tauromaquia, um aumento de 4900 espectadores em relação a 2018, ano em que este número se ficou pelo 379 mil.

O número de espectáculos mantém-se estável nos últimos anos — em 2019 foi realizado apenas mais um espectáculo do que em 2018. Este ano realizaram-se 153 espectáculos em praças fixas com a presença de aproximadamente 365.600 espectadores e 21 espectáculos em praças ambulantes que foram vistos por 18.300 pessoas. Já no ano passado, realizaram-se também 153 espectáculos em praças fixas com 361 mil espectadores nas plateias e 20 espectáculos em praças ambulantes com a presença de 18 mil espectadores.

Aumentar

As actividades mais populares continuam a ser as corridas de touros, que este ano representaram 71% do total dos espectáculos desta natureza (realizaram 124 espectáculos deste tipo). As corridas mistas diminuíram cerca de 46% comparativamente a 2018 (aconteceram apenas sete em 2019), enquanto o número de corridas de touros aumentou 11% — esta é, aliás, e segundo os dados do IGAC, a única tipologia que aumentou em detrimento das outras tipologias. Os festivais tauromáquicos (14), as novilhadas populares (13) e as variedades taurinas (10) ocupam o terceiro, quarto e quinto lugares da tabela das actividades mais populares.​

As informações da entidade que fiscaliza as actividades tauromáquicas revelam também que o número médio de pessoas na plateia por espectáculo foi de 2200, o segundo mais alto da década (em 2011 o número médio era, tal como em 2019, de 2200). Agosto, como já é habitual, foi o mês em que se registou um maior número de actividades tauromáquicas, um total de 53, seguindo-se Setembro, com 33 espectáculos.

Tendência de queda interrompida em 2017

Os números de 2019 estão longe dos máximos que já se verificaram em Portugal, tanto em número de espectáculos como de espectadores. De acordo com a análise comparativa da IGAC, em 2000 aconteceram 360 touradas em território nacional, e em 1999 mais de 703 mil pessoas foram vê-las.

Estes números foram mais ou menos constantes até 2009, altura em que começaram a diminuir praticamente todos os anos. Se em 2009 se realizaram 313 espectáculos com mais de 663 mil espectadores, estes números foram diminuindo até atingirem o seu mínimo em 2016 (362 mil espectadores anuais) e em 2018 (173 espectáculos).

Certo é que 2019 está em linha com o que tem vindo a acontecer desde 2017, já que tanto o número de espectadores como o de actividades deste tipo aumentaram pelo terceiro ano consecutivo, ainda que esta última tenha sido de forma ligeira.

Sul do país é mais tauromáquico

Sem grandes surpresas, as regiões do Sul do país continuam a ser as que acolhem mais espectáculos tauromáquicos.

Em termos geográficos, foi no Alentejo que se realizou o maior número de actividades (79, correspondendo a 45,4% do total), seguido da região de Lisboa, com 35 (20,1%). A região do Norte foi a que registou menor número, com apenas seis espectáculos (3,4%). 

A praça de touros do Campo Pequeno, em Lisboa, foi a que recebeu maior número de espectadores — cerca de 50 mil. A praça Celestino Graça, em Santarém, teve o maior número médio de aficionados (cerca de 8500), seguida do Campo Pequeno e da praça de Coruche, ambas com aproximadamente 4100.

Um dado novo avançado pelo IGAC é facto de este ano terem sido licenciadas actividades tauromáquicas em quatro novos concelhos do país: Alandroal (Évora), Almeirim (Santarém), Macedo de Cavaleiros (Bragança) e Porto de Mós (Leiria).

Diferença entre números oficiais e das plataformas a favor

Há uma semana a PróToiro - Federação Portuguesa de Tauromaquia avançou que existiram em 2019 mais touradas e mais espectadores em Portugal. Segundo o que revelou a associação, este ano registaram-se 207 espectáculos com 469 mil pessoas na plateia, o que representa “uma subida de 7% face a 2018 (440 mil), sendo o valor de 2019 o mais elevado dos últimos cinco anos”. A PróToiro revelou ainda que, segundo as suas contas, realizaram-se cerca de mil eventos da chamada tauromaquia popular (actividades de rua como largadas, touradas à corda, capeias…), “estimando-se que tenham envolvido mais de 2 milhões de pessoas”.

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Comparando os números avançados pelas duas entidades existe uma diferença de cerca de 86 mil pessoas que este ano assistiram a touradas — a IGAC diz que estas actividades foram vistas por 383 mil espectadores, a PróToiro avança com 469 mil.

Outra explicação para os números diferentes está no facto de a IGAC só superintender o território de Portugal continental, deixando por isso de fora os Açores, onde se realiza uma dezena de espectáculos por ano.

Segundo a proposta de Orçamento do Estado de 2020, as touradas passam a pagar a taxa máxima de IVA (23%) enquanto entradas nos jardins zoológicos, jardins botânicos e aquários públicos vão passar a pagar a taxa reduzida, à semelhança do que é aplicável a espectáculos de canto, dança, música, teatro, cinema e circo.