Manifestações contra o Governo do Líbano tornam-se violentas perante a recondução de Hariri

Primeiro-ministro em exercício pediu adiamento da reunião em que ia ser reconduzido para haver mais consultas entre os partidos, que não se entendem. Manifestantes exigem um independente.

Fotogaleria

Os protestos no Líbano contra o Governo tornaram-se violentos neste fim-de-semana, provocando, até à madrugada desta segunda-feira, ferimentos em mais de 90 pessoas. A reunião prevista para esta segunda-feira para reconduzir Saad Hariri como primeiro-ministro foi adiada, a pedido deste, para quinta-feira.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os protestos no Líbano contra o Governo tornaram-se violentos neste fim-de-semana, provocando, até à madrugada desta segunda-feira, ferimentos em mais de 90 pessoas. A reunião prevista para esta segunda-feira para reconduzir Saad Hariri como primeiro-ministro foi adiada, a pedido deste, para quinta-feira.

As forças de segurança dispararam no domingo gás lacrimogéneo, balas de borracha e canhões de água para dispersar centenas de manifestantes, pelo segundo dia consecutivo, terminando o que começou como uma manifestação pacífica. Houve ainda registos de violência entre grupos com divergências políticas entre eles, que incendiaram algumas tendas erguidas na Praça dos Mártires, epicentro dos protestos que começaram em 17 de Outubro no país.

A violência ocorreu na véspera de um encontro, previsto para esta segunda-feira, entre o Presidente e os blocos parlamentares, no qual se esperava que o primeiro-ministro demissionário, Saad Hariri, fosse reconduzido. Hariri porém, pediu o adiamento para se “realizarem mais consultas”, o que deverá acontecer quinta-feira, diz o jornal francês Le Monde.

Após semanas de disputas, os partidos políticos falharam na apresentação de nomes independentes, com a maioria a insistir em manter presença no Governo.

A multidão apelava à “revolução” e expressava a recusa de ver Hariri regressar ao poder, relata o Le Monde. Os manifestantes protestam também contra o presidente do Parlamento, Nabih Berri (do Movimento Amal, uma força política associada à comunidade muçulmana xiita libanesa), acusando-o de mandar para a rua os seus apoiantes para tentar calar o movimento de revolta.

De facto, a Human Rights Watch (HRW) identificou entre os manifestantes que provocaram os confrontos como seguidores dos grupos xiita Hezbollah e Amal. “Os seguidores do Hezbollah e Amal tentam atacar os manifestantes, mas estes permanecem firmes”, denunciou a organização não-governamental.

Os protestos de domingo foram maioritariamente pacíficos, mas alguns manifestantes lançaram garrafas de água e engenhos de fogo às forças de segurança que guardam o Parlamento. Após algumas horas, as forças de segurança expulsaram os manifestantes com o recurso a bastões e gás lacrimogéneo.

Centenas de pessoas permaneceram no local e alguns responderam arremessando objectos às forças de segurança para expressarem descontentamento com a repressão e a abordagem “do costume” do Governo.

“Recuperamos o nosso país desta ocupação”, disse à LBC TV um manifestante zangado, referindo-se ao que chama de Governo corrupto há décadas no poder.

As forças de segurança perseguiram os manifestantes pelo centro de Beirute, disparando gás lacrimogéneo e balas de borracha.

Hariri demitiu-se a 29 de Outubro no meio de protestos de âmbito nacional que acusam a elite política de corrupção e má administração, enquanto o Líbano atravessa o pior declínio económico em décadas.

Os manifestantes dizem que não aceitam Hariri como primeiro-ministro, exigindo um chefe do Governo independente e não filiado em nenhum dos partidos que compõem o Governo.