Ventura discursa contra esquerda, Parlamento, Presidente e ninguém aplaude nem questiona

Deputado lembrou que o despacho sobre criação de uma divisão de apoio à residência do primeiro-ministro, que serve também para gerir as situações de precariedade, citada por Costa no debate quinzenal, só foi publicada no dia 2 em Diário da República.

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daniel rocha

O deputado do Chega André Ventura fez mais um discurso na Assembleia da República, nesta quarta-feira, para criticar o Governo, o Presidente, a esquerda e o próprio Parlamento, por andar a discutir “a Greta e os elefantes no Camboja”.

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O deputado do Chega André Ventura fez mais um discurso na Assembleia da República, nesta quarta-feira, para criticar o Governo, o Presidente, a esquerda e o próprio Parlamento, por andar a discutir “a Greta e os elefantes no Camboja”.

Depois de seis minutos de discurso, André Ventura não foi aplaudido nem teve qualquer pedido de esclarecimento, como habitualmente acontece neste tipo de debates dedicado a declarações políticas.

O parlamentar do Chega criticou a Assembleia da República, que vê “cada vez mais longe das pessoas”, o Presidente da República, que “tira selfies atrás de selfies e nada resolve do país”, e o Governo do PS, que diz ser de “boas contas”, mas depois revela défices no Serviço Nacional de Saúde de 559 milhões de euros.

Sinal do que considera ser esse afastamento dos cidadãos é a agenda de alguns dos partidos no Parlamento, “quando lá fora se discute Tancos, quando se discute o Serviço Nacional de Saúde ou os terroristas de Aveiro que tiveram que ser presos em França porque cá tinham asilo político”. No Parlamento, comparou, fala-se “da Greta que chega a Lisboa”, com alguns deputados “a aplaudir e a tirar fotografias”, dos “elefantes no Camboja” que vão deixar de ser utilizados nos passeios turísticos, numa referência a um voto do PAN, que acabou por não ser apreciado.

Aos partidos de esquerda - Bloco, PCP e Livre - fez um desafio: “Se o Bloco, o PC e o Livre têm tanto amor pelos professores, então chumbem o Orçamento do Estado, porque o que o Governo vai dar aos professores é uma mão cheia de nada.”

E numa sessão em que se falou de regionalização e da exigência de um referendo, feita pelo CDS-PP, caso o processo avance, André Ventura afirmou que é contra as regiões por servirem “para dar tachos” que “os portugueses não querem nem merecem pagar”. A regionalização, sintetizou, “só serve para dar tachos”.

André Ventura voltou a insistir na acusação de que António Costa tem trabalhadores precários no seu gabinete, exibindo agora o despacho publicado no Diário da República desta segunda-feira, realçando a coincidência temporal de essa publicação só acontecer depois do debate quinzenal em que interpelou o primeiro-ministro sobre o assunto. O despacho 11325/2019 assinado pelo secretário-geral da Presidência do Conselho de Ministros tem a data de 21 de Novembro, o que o coloca no calendário antes do debate de dia 27. Mas também é verdade que o número deste despacho é posterior ao de outro despacho, o 11324/2019, também da Presidência do Conselho de Ministros, mas do gabinete do primeiro-ministro e que tem a data de dia 26 de Novembro.