Massive Attack querem reduzir a pegada carbónica da indústria da música

Os Massive Attack querem ajudar a reduzir a pegada de carbono da indústria da música e, por isso, juntaram-se a especialistas do Tyndall Centre for Climate Change Research. A ideia é mapear as principais áreas-chave de produção de CO2 e divulgá-las junto de promotores, na esperança de provocar “mudanças sísmicas”.

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Nuno Ferreira Monteiro

“O que acontece em digressão, não fica em digressão” — e as emissões de carbono são exemplo disso. Depois de os Coldplay terem anunciado que vão acabar com as digressões até terem a certeza de que as conseguem fazer sem emissões de carbono, os Massive Attack anunciaram que se vão juntar a especialistas para mapear a pegada de carbono da indústria da música. Num texto publicado esta quinta-feira, 28 de Novembro, no The Guardian, o vocalista, Robert del Naja, referiu que os Massive Attack, “como uma banda que fez tours durante vários anos”, foi “obrigada a reflectir” depois de se ter cruzado com alguns dados científicos. Em Fevereiro último, a digressão da banda passou por Lisboa, com dois concertos no Campo Pequeno.

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“O que acontece em digressão, não fica em digressão” — e as emissões de carbono são exemplo disso. Depois de os Coldplay terem anunciado que vão acabar com as digressões até terem a certeza de que as conseguem fazer sem emissões de carbono, os Massive Attack anunciaram que se vão juntar a especialistas para mapear a pegada de carbono da indústria da música. Num texto publicado esta quinta-feira, 28 de Novembro, no The Guardian, o vocalista, Robert del Naja, referiu que os Massive Attack, “como uma banda que fez tours durante vários anos”, foi “obrigada a reflectir” depois de se ter cruzado com alguns dados científicos. Em Fevereiro último, a digressão da banda passou por Lisboa, com dois concertos no Campo Pequeno.

“Estudos mostram que factores como o transporte do público e a energia gasta nos palcos representam cerca de 93% das emissões de carbono geradas em eventos de música de alguma dimensão”, escreveu o músico. E uma vez que as “greves às aulas” e “detenções de activistas em massa” geraram, na opinião do vocalista da banda inglesa, “mais introspecção do que acções positivas”, a banda decidiu juntar-se ao Tyndall Centre for Climate Change Research, um centro de investigação da Universidade de Manchester que procura “respostas sustentáveis para as alterações climáticas”.

A ideia do grupo é ajudar a mapear as emissões de carbono produzidas nas digressões e, para isso, vão “olhar especificamente para as três áreas-chave responsáveis pela produção de CO2 no sector da música”: viagens das bandas e da produção, meios de transporte usados pelo público e recursos gastos no local dos eventos. O resultado do estudo será partilhado com promotores e responsáveis de festivais — na esperança de “assistir a mudanças e significativas reduções de emissões”.

O músico escreve ainda que, apesar de terem dado “passos unilaterais” — como doações para plantações de árvores, proibição do uso de plástico descartável e utilização do comboio como meio de transporte “sempre que possível” —, agora é o momento para “mudanças sísmicas”. E cita o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas — que diz ser necessária “uma mudança rápida, drástica e sem precedentes, em todos os aspectos da sociedade” — para sublinhar que “o que acontece em digressão, não fica em digressão”.

“O relatório do Tyndall Centre não vai ser uma panaceia. Sabemos que a implementação dos seus resultados vai requerer mudanças significativas da nossa parte e dos nossos colegas da indústria que, como nós, querem fazer a diferença”, escreve Robert del Naja, em jeito de conclusão. E remata: “Num contexto de emergência, manter o negócio como está (…) é inaceitável.”