Matosinhos vai pagar mais 2,5 milhões de euros por ano à STCP. Vereador da Mobilidade não concorda

Até 2024, STCP continuará a não ter o exclusivo da operação no concelho, que divide com a Maré que desde o início deste ano substituiu a Resende.

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O vereador da Mobilidade de Matosinhos, José Pedro Rodrigues, votou contra a proposta da conformação contratual decorrente da intermunicipalização da STCP, que nesta terça-feira foi a reunião de câmara extraordinária, mas a proposta passou na mesma com aprovação da maioria.

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O vereador da Mobilidade de Matosinhos, José Pedro Rodrigues, votou contra a proposta da conformação contratual decorrente da intermunicipalização da STCP, que nesta terça-feira foi a reunião de câmara extraordinária, mas a proposta passou na mesma com aprovação da maioria.

Depois de uma alteração no memorando de entendimento entre operador e os seis municípios da Área Metropolitana do Porto onde opera, que segundo a Lusa apanhou o presidente da autarquia vizinha, Rui Moreira, de surpresa, o concelho liderado pela socialista Luísa Salgueiro vai desembolsar por ano mais 2 milhões e meio de euros por ano, perfazendo até ao fim da concessão, em 2024, cerca de 10 milhões de euros.

Ao contrário do que o vereador comunista com a pasta da Mobilidade defende, a aprovação deste ponto do documento que hoje foi a votação em Matosinhos prevê ainda um adiamento da entrega exclusiva da operação à STCP, obrigando a que até 2024 o transporte privado no concelho a cargo da Maré (que substituiu a Resende no início deste ano) continue a funcionar.

José Pedro Rodrigues, desde que a discussão desta matéria teve início, tem defendido a entrega da tutela do transporte público em exclusivo à STCP, como acontece no Porto, mas neste concelho, subcontratando ao privado o serviço que a empresa não conseguir garantir.

Ainda não será possível fazê-lo, diz ao PÚBLICO Luísa Salgueiro, por neste momento ser “impraticável”, tendo em conta que os seis municípios podem apenas subcontratar 30% do serviço, o que para Matosinhos afirma ser insuficiente.

O vereador comunista diz que seguir esta via “condicionará a acção do município pelo menos durante os próximos cinco anos” e defende não fazer sentido “iniciar um processo de intermunicipalização da STCP sem que esta empresa seja o operador interno exclusivo dos municípios em que opera”. Sublinha ainda que os municípios “vão pagar significativamente mais pela STCP para mexer pouco ou nada e sem que as populações venham a sentir os benefícios desse vultuoso investimento”.

Face à posição que vem defendendo, desalinhada com a dos socialistas, durante a reunião privada, deixou à consideração da presidente “a avaliação sobre as condições futuras de exercício da tutela” da pasta que tem a seu cargo.

Luísa Salgueiro afirma não estar surpreendida com o ponto de vista do vereador eleito pela CDU por estar alinhado com a posição que o Partido Comunista tem defendido. Sublinha que “desde o início do mandato”, quando o convidou para assumir o pelouro, foram estabelecidas regras no sentido de acautelar que o PS nunca acompanhará algumas posições fracturantes, como é esta ou outras, nomeadamente relativamente à posição que José Pedro Rodrigues defende relativamente “às empresas municipais, às concessões de água, à limpeza de resíduos urbanos ou na matéria da descentralização”. Porém, afirma que não é algo que afecte o trabalho que até agora têm vindo a desenvolver em conjunto: “Continuamos no espírito da máxima lealdade”. Face à disponibilidade da autarca socialista, José Pedro Rodrigues, apesar das diferenças de opinião, diz estar alinhado pelo mesmo espírito de lealdade.