Candidato às presidenciais da Guiné-Bissau acusa MNE português de falar sem conhecer o país

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daniel rocha

O candidato independente às eleições presidenciais guineenses de domingo José Mário Vaz acusou nesta sexta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros português de falar sobre a Guiné-Bissau sem “saber nada” sobre o país.

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O candidato independente às eleições presidenciais guineenses de domingo José Mário Vaz acusou nesta sexta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros português de falar sobre a Guiné-Bissau sem “saber nada” sobre o país.

O candidato referiu que fica “um bocado preocupado” com pessoas que falam sobre a Guiné-Bissau, mas “não sabem nada” sobre o país, dando como exemplo Augusto Santos Silva.

De acordo com o candidato, que se recandidata ao cargo como independente, o chefe da diplomacia portuguesa “fala sobre a Guiné-Bissau e não procura realmente saber a verdadeira realidade da Guiné-Bissau”.

“Fico com pena”, disse, referindo que Santos Silva esteve “só uma vez” na Guiné-Bissau. “Seria bom que voltasse mais vezes para conhecer a realidade guineense”, disse.

Em declarações à Lusa em 29 de Outubro, Santos Silva reconheceu como Governo legítimo da Guiné-Bissau o executivo liderado por Aristides Gomes, demitido dias antes por José Mário Vaz, que nomeado um outro liderado por Faustino Imbali.

Grande parte da comunidade internacional opôs-se a estas decisões e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) exigiu a demissão de Imbali, sob pena de impor “pesadas sanções” aos responsáveis pela instabilidade política.

Também o Conselho de Segurança das Nações Unidas ameaçou com novas sanções “todos aqueles que minem a estabilidade” na Guiné-Bissau e apelou à “conduta ordenada” dos atores políticos.

Imbali acabou por se demitir, pouco antes de serem conhecidas as decisões dos chefes de Estado da CEDEAO, que se reuniram numa cimeira extraordinária no Níger, em 8 de Novembro, e decidiram reforçar a presença da força de interposição Ecomib no país, advertindo o Presidente guineense de que qualquer tentativa de usar as forças armadas para impor um ato ilegal seria “considerada um golpe de Estado”.

Questionado sobre se as eleições presidenciais de domingo permitirão resolver a crise política que se regista no país há anos, Jomav recusou-se a falar sobre o assunto, referindo apenas que “não há crise política” na Guiné-Bissau.

Mais de 760 mil eleitores escolhem no domingo o próximo Presidente entre 12 candidatos. A campanha eleitoral termina hoje e no país estão 23 observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), 54 da União Africana (UA), 60 da CEDEAO e 47 dos Estados Unidos da América.