Fórum Liberdade e Pensamento Crítico sob o signo de Sena, Sophia e Greta

O 2.º Fórum Liberdade e Pensamento Crítico, estreado em 2018, reúne-se este sábado no Liceu Camões, com debates, exposições, cinema, música, poesia e teatro. No cartaz, um rosto: Greta Thunberg. Mas Jorge de Sena e Sophia também são referência.

Foto
O rosto de Greta Thunberg é o único no cartaz deste ano VINCENT KESSLER/REUTERS

A liberdade “é frágil e nunca está garantida”, escrevia-se num manifesto publicado na edição do PÚBLICO de dia 24 de Abril de 2018. Dois meses depois, os subscritores desse texto organizavam em Lisboa, na Escola Secundária Camões (antigo Liceu Camões) o Fórum Liberdade e Pensamento Crítico, com “debates, poesia, música”. Agora, ano e meio depois, realiza-se este sábado, 9 de Novembro, um 2.º Fórum no mesmo local, justificado pelo êxito do primeiro. É o que diz agora ao PÚBLICO João Jaime Pires, director da escola anfitriã: “O balanço do primeiro é muito positivo. E isso fez despertar a necessidade de um 2.º Fórum, neste âmbito. E vai-se tentar lançar um movimento em torno da Liberdade e do Pensamento Crítico, que não fique só em Lisboa mas que vá a vários pontos do país espalhar esta ideia.”

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A liberdade “é frágil e nunca está garantida”, escrevia-se num manifesto publicado na edição do PÚBLICO de dia 24 de Abril de 2018. Dois meses depois, os subscritores desse texto organizavam em Lisboa, na Escola Secundária Camões (antigo Liceu Camões) o Fórum Liberdade e Pensamento Crítico, com “debates, poesia, música”. Agora, ano e meio depois, realiza-se este sábado, 9 de Novembro, um 2.º Fórum no mesmo local, justificado pelo êxito do primeiro. É o que diz agora ao PÚBLICO João Jaime Pires, director da escola anfitriã: “O balanço do primeiro é muito positivo. E isso fez despertar a necessidade de um 2.º Fórum, neste âmbito. E vai-se tentar lançar um movimento em torno da Liberdade e do Pensamento Crítico, que não fique só em Lisboa mas que vá a vários pontos do país espalhar esta ideia.”

Foto
O cartaz deste ano

O primeiro realizou-se no Verão e este surge no Outono, por razões logísticas mas também para coincidir com datas simbólicas, diz João Jaime Pires. “Na altura, o 14 de Julho tinha uma data que marcava a Revolução Francesa, e acabámos por escolher agora uma data próxima da celebração dos centenários de Jorge de Sena, a 2 de Novembro, e de Sophia, a 6, e de certa forma enquadrar aqui a poesia de ambos como ponto de referência.” E é assim que, no espectáculo de encerramento, às 18h30 (onde participarão artistas como António Chaínho, Rão Kyao ou os Couple Coffee), haverá um Encontro Imaginário apresentado pelo grupo de teatro A Barraca, onde Helder Costa (o autor destes encontros) moderará uma conversa entre “Jorge de Sena” (o escritor José Manuel Mendes) e “Sophia” (a actriz Maria do Céu Guerra).

É a Terra que está em causa

As actividades culturais programadas, que incluem ainda uma homenagem ao professor e escritor Carlos Carranca (1957-2019), que morreu em 29 de Agosto deste ano, realizam-se a par de debates sobre temas da actualidade política e social, como Ambiente, Corrupção, Desigualdades Sociais, Migrações/Refugiados, Violência doméstica, Obscurantismos, Direito ao descanso e Encontro de gerações. No cartaz de 2018 havia vários rostos: Mandela, Malala Yousafzai, Natália Correia, Papa Francisco, José Afonso, Martin Luther King, Che Guevara. Agora, o de 2019 tem um único rosto a ocupar todo o cartaz: o de Greta Thunberg. “Chegou a haver em cima da mesa vários nomes”, diz João Jaime Pires, “mas por decisão maioritária ficou assim. Não só pelo momento em que Greta aparece, mas como por terem vindo pô-la em causa depois. E na verdade é a Terra que está em causa, que é o que ela nos vem dizer.”

O texto que antecede o 2.º Fórum confirma as preocupações do primeiro, mas carrega agora nas tintas do perigo e também da responsabilidade, num apelo global: “Quando emergem as devoradoras chamas dos fascismos, populismos, e outros “ismos” tão diversos, quantos a “besta” humana pode conceber para se apoderar das vidas de seus semelhantes; Quando o terror do “fogo” bárbaro, da vontade de repressão imposta pelo dragão das inumanas ambições, se espalha pelo Mundo, trazendo até nós os gritos que de Varsóvia a Roma ou de Budapeste à Amazónia, nos interpelam reclamando solidariedade; Nós, defensores da liberdade, neste cantinho da Europa, não podemos deixar de nos manifestar e agir, sob pena da nossa passividade pessoal e social, se transformar num histórico e criminoso suicídio”. E este texto é assinado pela comissão organizadora: Amândio Silva, Anabela Henriques, Arnaldo Cunha da Silva, Camilo Mortágua, Carlos Serrano, Guadalupe Portelinha, Isabel do Carmo, Jacinto Rego de Almeida, Joana Urban Vitorino, João Jaime Pires, Manuel Teixeira, Mário Moutinho, Moema Silva, Teresa Gago e Vasco Graça, alguns dos quais assinaram também o primeiro manifesto “Liberdade e Pensamento Crítico”, publicado em 2018.

Foto
O cartaz Pedras da Liberdade

Abril e Maio numa pedra da calçada

As conclusões do que se disse e discutiu em 2018 só recentemente foram publicadas, diz João Jaime Pires: “Saiu uma publicação, no final de Setembro, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, que retrata todas as intervenções que houve no primeiro.” As deste virão depois, certamente em 2020. A expectativa, segundo João Jaime Pires, é que a participação agora seja maior e mais diversificada. “O primeiro teve uma participação bastante interessante, de uma população já com alguma idade, mas espero que este 2.º Fórum possa trazer mais jovens para esta causa. E acho que a Greta pode trazer-nos isso. Aliás, vamos ter numa das sessões o Miguel Duarte, o jovem que ficou conhecido naquela situação barco em Itália [ajudou a resgatar refugiados no Mediterrâneo e foi acusado de ajuda à imigração ilegal].”

No capítulo das artes plásticas, foi lançado um desafio: evocar o 45.º aniversário do 25 de Abril num cruzamento com as pedras da calçada que marcaram o Maio de 68. A frase escolhida, alterando o sentido da utilizada no Maio francês (“Sob a calçada, a praia”), é “Sobre a calçada, a Liberdade” (da autoria de Ernesto Matos) e o desafio é usar as pedras para construir esculturas que simbolizem esta ideia. “Mostra a Liberdade que há em ti e revela-te numa pedra da calçada!”, é o desafio, posto em cartaz. Delas nascerá uma exposição, que será itinerante. “Já temos garantida uma ida a Torres Vedras. E também ao México!”