MP abre inquérito ao caso do bebé nascido quase sem rosto. Médico já tinha sido investigado em 2011

Os pais de uma criança que nasceu com múltiplas malformações, alegadamente sem o obstetra ter detectado as deficiências nas ecografias, fizeram queixa em 2011.

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RG Rui Gaudencio

A Procuradoria-Geral da República confirmou nesta quinta-feira ao PÚBLICO a recepção de uma queixa apresentada pela mãe de uma criança que nasceu em Setúbal com malformações graves que não foram detectadas pelo obstetra. E não será o primeiro inquérito do Ministério Público a ter por alvo este clínico em circunstâncias similares. Além de quatro processos em curso no conselho disciplinar da Ordem dos Médicos, o obstetra também foi investigado por um caso semelhante em 2011.

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A Procuradoria-Geral da República confirmou nesta quinta-feira ao PÚBLICO a recepção de uma queixa apresentada pela mãe de uma criança que nasceu em Setúbal com malformações graves que não foram detectadas pelo obstetra. E não será o primeiro inquérito do Ministério Público a ter por alvo este clínico em circunstâncias similares. Além de quatro processos em curso no conselho disciplinar da Ordem dos Médicos, o obstetra também foi investigado por um caso semelhante em 2011.

Na altura, os pais de uma criança que nasceu com múltiplas malformações, alegadamente sem o obstetra ter detectado as deficiências nas ecografias no Hospital Amadora-Sintra, fizeram queixa. As ecografias tinham sido realizadas numa clínica privada com o qual a instituição pública tem um protocolo e Artur Carvalho foi o médico.

“As ecografias eram muito rápidas e eram feitas em minutos”, contou na altura a mãe à agência Lusa, acrescentando que nunca lhe disseram para fazer a ecografia morfológica, recomendada por volta das 22 semanas para estudar detalhadamente a estrutura fetal. Os exames foram feitos na clínica privada pelo médico Artur Carvalho e depois vistas pelo médico de medicina familiar do centro de saúde. “O médico [do centro de saúde] nunca identificou nada. Só olhava para os relatórios e dizia que estava tudo normal”, afirmou. Na altura, a mãe sentiu-se pouco e mal acompanhada, pelo que tomou a iniciativa de ir ao Hospital Amadora-Sintra, às 38 semanas de gestação.

Ao analisar uma ecografia, um médico disse-lhe que “algo não estava bem” e marcou uma cesariana de urgência, já que a criança estava sentada e isso impossibilitava o parto normal. Segundo a mãe da criança, o parto foi rápido, mas no fim não a deixaram ver a bebé.

“Quando o pai viu a filha na incubadora foi horrível, teve um choque enorme. Ela nasceu com as pernas ao contrário” e os joelhos dobravam para a frente, “além de não ter queixo”, contou a mãe da criança. “Ele não sabia como havia de me dizer, porque também estava em choque”, relembrou a mãe emocionada.

Perante a gravidade das malformações, os médicos perguntaram aos pais se tinham feito todas as ecografias correctamente e se nada tinha sido detectado. “Dava para perceber que os médicos me diziam que podia ter sido detectado durante a gravidez”, disse a mãe. com Joana Gorjão Henriques