Encontro do Presidente com influencers pretende ser “uma nova forma de fazer política”

Apesar de estar consciente dos riscos deste encontro, o Presidente da República passou quatro horas com 40 influencers das redes sociais no Palácio de Belém. Ninguém esperava que ficasse em segredo.

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Que sinal político quer dar o Presidente da República quando convida para o Palácio de Belém cerca de 40 influencers das redes sociais e o que dali sai são dezenas de selfies e fotografias, praticamente todas com Marcelo Rebelo de Sousa abraçado a mulheres bonitas, que se multiplicam em milhares de gostos, sobretudo no Instagram? Em Belém, existe a consciência do risco de uma ideia como esta, mas também a convicção de que se trata de “uma nova forma de fazer política” com gente que “tem poder real mas não vive numa torre da marfim”.

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Que sinal político quer dar o Presidente da República quando convida para o Palácio de Belém cerca de 40 influencers das redes sociais e o que dali sai são dezenas de selfies e fotografias, praticamente todas com Marcelo Rebelo de Sousa abraçado a mulheres bonitas, que se multiplicam em milhares de gostos, sobretudo no Instagram? Em Belém, existe a consciência do risco de uma ideia como esta, mas também a convicção de que se trata de “uma nova forma de fazer política” com gente que “tem poder real mas não vive numa torre da marfim”.

O encontro decorreu na quarta-feira à tarde, no dia seguinte ao Presidente da República ter dado luz verde ao novo Governo de António Costa e se ter deslocado a Tábua para assinalar o segundo aniversário dos trágicos incêndios de Outubro de 2017 ao lado de populações afectadas pelo luto e pela perda. A ideia de juntar umas dezenas de personalidades light das redes sociais não era nova e esteve a ser trabalhada durante bastante tempo, apurou o PÚBLICO.

O encontro demorou cerca de quatro horas, mais do dobro do que o previsto, por causa da exigência dos convidados em tirar fotografias individualmente com o Presidente, não se contentando com a fotografia “de família” que lhes foi proposta. “Pics or it didn’t happen, right?”, escreveu Alicetrewinnard no Instagram, numa publicação que contou com mais de 26 mil gostos.

E o que dali saiu? Para já, a promessa de novos encontros, o próximo antes do Natal, para “discutir cidadania e novas formas de dar voz a quem não tem voz, estimular a participação e o interesse pelo bem comum”, segundo a instragrammer coconafralda. “Something big is coming”, escreveu por seu lado a editora de moda e beleza Cátia Sousa, co-autora do blogue “Style It Up”, acrescentando: [o encontro foi o] “pontapé de saída para um projecto muito especial que vai envolver todos vocês”. “Estamos todos confiantes que vão sair daqui coisas espectaculares”, comentou a actriz e apresentadora televisiva Raquel Strada quando publicou a selfie presidencial.

Em Belém, ainda não parece muito nítido o que vai sair destes encontros, mas há a certeza de que vai haver mais reuniões com o mesmo grupo, que envolve sobretudo pessoas com papel activo nas redes sociais ligados à moda, beleza e bem-estar, mas também literatura light, actores e humoristas. A lógica, acrescenta a mesma fonte de Belém, é a mesma de outros encontros com jovens quadros e grupos de pessoas sub-45 anos que Marcelo Rebelo de Sousa ouve e com quem conversa, “que têm um poder real, mas não político”.

“Esta é a ideia mais arriscada de todas e o Presidente está consciente deste risco”, afirma ainda um colaborador de Marcelo, lembrando que a Presidência não está nas redes sociais por precaução, por ser um meio muito arriscado. Esta será, portanto, uma forma de penetrar neste segmento sem se expor demasiado, pois a responsabilidade do que é dito e escrito será sempre do autor da publicação.

Fonte da Presidência desvaloriza a perspectiva de que isto faz parte da pré-campanha eleitoral para as presidenciais, até porque Marcelo não precisa disso. E prefere valorizar a percepção que saiu deste encontro de que todos os influencers que ali estiveram querem “colaborar com o Presidente e com o país”, pois são “pessoas que têm influência e podem fazer política e levar as pessoas a pensar política sem ser a partir de torres de marfim”. “É uma nova forma de fazer política”, ouviu o PÚBLICO.