Eis a “bolha”, um organismo sem cérebro e com quase 720 sexos

É um invulgar ser vivo unicelular capaz de comportamentos complexos.

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A personagem principal desta notícia parece saída de um filme de terror, mas é na realidade o protagonista de uma exposição em França. Esta quarta-feira, o Parque Zoológico de Paris apresentou um misterioso organismo conhecido como “bolha”. De seu nome científico Physarum polycephalum, este ser vivo unicelular amarelado tem a aparência de um fungo, mas age como um animal.

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A personagem principal desta notícia parece saída de um filme de terror, mas é na realidade o protagonista de uma exposição em França. Esta quarta-feira, o Parque Zoológico de Paris apresentou um misterioso organismo conhecido como “bolha”. De seu nome científico Physarum polycephalum, este ser vivo unicelular amarelado tem a aparência de um fungo, mas age como um animal.

Integrado numa nova exposição deste parque francês que estará aberta ao público a partir deste próximo sábado, a “bolha” não tem boca, nem estômago, nem olhos, mas consegue detectar comida e digeri-la. O Physarum polycephalum tem quase 720 sexos, consegue mover-se sem patas ou asas e conseguem regenerar-se em dois minutos se for cortado ao meio.

“A bolha é um dos grandes mistérios da natureza”, afirmou Bruno David, director do Museu de História Natural de Paris, do qual o Parque Zoológico de Paris faz parte. “Este ser vivo é surpreendente porque não tem cérebro, mas é capaz de aprender. Se juntarmos duas bolhas, a primeira transmitirá os seus conhecimentos à outra”, acrescentou.

De acordo com o jornal francês Le Monde, este é um organismo primitivo, que terá surgido há 500 milhões de anos, antes do aparecimento do reino animal. Como é unicelular, no início da sua vida é difícil de localizar, mas quando cresce pode ser encontrado em florestas temperadas ou em certas grutas.

Em laboratório, pode estender-se por até dez metros quadrados. “Podemos criar bolhas de todos os tamanhos, não há bem um limite”, assinala Audrey Dussutour, especialista na bolha do Centro Nacional de Investigação Científica francês (CNRS). No sábado, a investigadora fará a apresentação “A bolha, um ovni na biologia” no Parque Zoológico de Paris, o primeiro do mundo a exibir este organismo.

Para que se consigam ter exemplares suficientes para a exposição, a partir da mesma amostra têm sido criados novos exemplares no zoo todos os dias. “Nunca nos pára de surpreender. Pode morrer de várias formas, mas também ficar dormente. Nesse estado, pode quase ser imortal… Mesmo se for colocado no microondas durante alguns minutos”, conta Audrey Dussutour. 

E a sua classificação continua a ser um mistério. “Não sabemos onde colocá-lo na árvore da vida”, disse Bruno David ao Le Monde. Como tem um modo de se reproduzir parecido com o dos cogumelos, até à década de 1990 ainda foi considerado um deles. Desde então, integra a classe Myxogastria. “Sabemos, de certeza, que não é uma planta, mas não sabemos bem se é um animal ou um fungo”, referiu ainda à agência Reuters Bruno David. “E comporta-se de forma surpreendente para um ser que parece um cogumelo. Afinal, tem o comportamento de um animal e é capaz de aprender.”

O Physarum polycephalum é conhecido como bolha devido ao filme de terror e ficção científica chamado “A Bolha”. Neste filme, protagonizado por Steve McQueen, um ser gelatinoso consumia tudo por onde passava numa pequena localidade da Pensilvânia, Estados Unidos.