Nuno Grande: “Siza tem este dom de produzir obras-primas”

Professor, crítico de arquitectura e curador, Nuno Grande divide com o catalão Carles Muro a organização da exposição Álvaro Siza in/disciplina. Tratou-se de meter a obra e a vida do arquitecto dentro da sua própria arquitectura.

Foto
Nuno Grande Martin Henrik

Onde foram buscar o título para a exposição, in/disciplina?
Siza é um personagem múltiplo, não é possível traçar-lhe uma linearidade, uma previsibilidade, e faltava-nos uma palavra que definisse esse lado de insatisfação e inquietude permanente. Foi ele que nos deu a chave. Ao escrever num seu caderno “Nome: Álvaro Siza; Disciplina: tão pouca quanto possível”, mostrou-nos que dentro dessa disciplina, uma disciplina especial que é a arquitectura, ele deseja, e consegue, ter um percurso indisciplinado. Siza não acredita na especialização, não acha que um arquitecto deva ser um especialista de casas, ou de hospitais, ou de monumentos, ou de igrejas — embora saibamos que estes programas têm sido constantes na sua obra. Ele acha que um arquitecto deve ser capaz de desenhar tudo, do mais ínfimo pormenor ao grande edifício. Encara a disciplina não como uma forma científica de abordar a realidade, mas uma forma pessoal, artística, poética, inquieta, de a ler.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Onde foram buscar o título para a exposição, in/disciplina?
Siza é um personagem múltiplo, não é possível traçar-lhe uma linearidade, uma previsibilidade, e faltava-nos uma palavra que definisse esse lado de insatisfação e inquietude permanente. Foi ele que nos deu a chave. Ao escrever num seu caderno “Nome: Álvaro Siza; Disciplina: tão pouca quanto possível”, mostrou-nos que dentro dessa disciplina, uma disciplina especial que é a arquitectura, ele deseja, e consegue, ter um percurso indisciplinado. Siza não acredita na especialização, não acha que um arquitecto deva ser um especialista de casas, ou de hospitais, ou de monumentos, ou de igrejas — embora saibamos que estes programas têm sido constantes na sua obra. Ele acha que um arquitecto deve ser capaz de desenhar tudo, do mais ínfimo pormenor ao grande edifício. Encara a disciplina não como uma forma científica de abordar a realidade, mas uma forma pessoal, artística, poética, inquieta, de a ler.