“Quando te lanças ao caminho”…

Em A Mesa dos Gatos Pingados, Ondaatje faz questão de apontar, numa nota final, que não se trata de um romance biográfico, embora tudo aponte para tal.

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Neste romance, Ondaatje apropria-se de vários registos, icluindo o da narrativa picaresca Rob Stothard/Getty Images

A viagem como metáfora da existência faz parte do cânone literário e quando um escritor como Michael Ondaatje, o canadiano cingalês autor de obras-primas como O Paciente Inglês e O Fantasma de Anil, decide explorar esse caminho, é certo que podemos esperar um relato cheio de peripécias, numa linguagem poética e perfeitamente ritmada. “Mynah” ou Michael, o narrador de A Mesa dos Gatos Pingados, tem apenas 11 anos quando embarca sozinho em Colombo, capital do Ceilão (hoje Siri Lanka),no Oronsay, o navio que o levará a Inglaterra. A viagem durará três semanas, via Canal do Suez e Mar Mediterrânico. Vai reunir-se à mãe, depois de um tempo passado à guarda dos tios. A bordo, é-lhe destinado um lugar à mesa mais afastada da do comandante, onde se juntam os passageiros menos prestigiados, mas indubitavelmente mais interessantes. Com outros dois rapazes, Cassius, o aventureiro turbulento que masca folhas de bétel e o frágil e meditativo Ramadhin, forma um gangue que actuará em conjunto, aparecendo em todo o lado, explorando lugares inacessíveis, ocupando espaços proibidos, espiando toda a gente, colaborando em esquemas duvidosos, revelando segredos bem guardados e resvalando, inexoravelmente, para conflitos e para situações de extremo perigo. O barco, uma cápsula claustrofóbica onde os passageiros são forçados a uma intimidade nem sempre desejável é, para os rapazes, um campo fértil de aventuras infindáveis, longe dos dramas psicológicos dos adultos, livres de qualquer supervisão constrangedora.

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A viagem como metáfora da existência faz parte do cânone literário e quando um escritor como Michael Ondaatje, o canadiano cingalês autor de obras-primas como O Paciente Inglês e O Fantasma de Anil, decide explorar esse caminho, é certo que podemos esperar um relato cheio de peripécias, numa linguagem poética e perfeitamente ritmada. “Mynah” ou Michael, o narrador de A Mesa dos Gatos Pingados, tem apenas 11 anos quando embarca sozinho em Colombo, capital do Ceilão (hoje Siri Lanka),no Oronsay, o navio que o levará a Inglaterra. A viagem durará três semanas, via Canal do Suez e Mar Mediterrânico. Vai reunir-se à mãe, depois de um tempo passado à guarda dos tios. A bordo, é-lhe destinado um lugar à mesa mais afastada da do comandante, onde se juntam os passageiros menos prestigiados, mas indubitavelmente mais interessantes. Com outros dois rapazes, Cassius, o aventureiro turbulento que masca folhas de bétel e o frágil e meditativo Ramadhin, forma um gangue que actuará em conjunto, aparecendo em todo o lado, explorando lugares inacessíveis, ocupando espaços proibidos, espiando toda a gente, colaborando em esquemas duvidosos, revelando segredos bem guardados e resvalando, inexoravelmente, para conflitos e para situações de extremo perigo. O barco, uma cápsula claustrofóbica onde os passageiros são forçados a uma intimidade nem sempre desejável é, para os rapazes, um campo fértil de aventuras infindáveis, longe dos dramas psicológicos dos adultos, livres de qualquer supervisão constrangedora.