O único final possível

Sobre a soberania da morte. Na vida e na ficção.

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Jaume Cabré iniciou a carreira literária em 1974 publicando contos. Desde aí mudou a sua visão de como agrupá-los num livro Nuno Ferreira Santos

Talvez não seja habitual começarmos a recensão de um livro pelo fim mas, considerando que a mais extensa narrativa da presente colectânea abre também com um “Epílogo”, é isso mesmo que faremos. Aliás, o epílogo de Jaume Cabré (Barcelona, 1947) ao seu livro mais recente, Quando a Penumbra Vem, é suficientemente interessante para que dele falemos em primeiro lugar. Decidir se um livro de poesia deverá ter sempre uma qualquer unidade orgânica e totalizadora ou se pode ser uma simples colectânea de poemas soltos e indiferentes ao conjunto foi sempre matéria sujeita a discussões intermináveis. Analogamente, Cabré reflecte no seu texto epilogal, não tanto sobre uma sua eventual poética da narrativa curta, mas sobre a arte de coligir contos que, uma vez reunidos em volume próprio, sustenham um título colectivo. Conta o autor — que se estreou, a propósito, com a publicação de um volume de contos em 1974 — que houve um tempo em que se limitava “a escolher os contos que considerava passarem pelo crivo da [sua] exigência” e a reuni-los numa compilação, mas reconhece que, depois de ter conversado sobre o tema com o romancista catalão Vicenç Riera Llorca — que “defendia que os livros tinham de ser construídos com contos que tivessem uma ligação, uma atmosfera comum, uma relação não necessariamente argumental, mas relação ao fim e ao cabo” —, prefere hoje que haja “alguma razão, quer seja mais subtil ou mais evidente, que justifique a presença de certos contos num mesmo livro”. É precisamente o que acontece em Quando a Penumbra Vem.

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Talvez não seja habitual começarmos a recensão de um livro pelo fim mas, considerando que a mais extensa narrativa da presente colectânea abre também com um “Epílogo”, é isso mesmo que faremos. Aliás, o epílogo de Jaume Cabré (Barcelona, 1947) ao seu livro mais recente, Quando a Penumbra Vem, é suficientemente interessante para que dele falemos em primeiro lugar. Decidir se um livro de poesia deverá ter sempre uma qualquer unidade orgânica e totalizadora ou se pode ser uma simples colectânea de poemas soltos e indiferentes ao conjunto foi sempre matéria sujeita a discussões intermináveis. Analogamente, Cabré reflecte no seu texto epilogal, não tanto sobre uma sua eventual poética da narrativa curta, mas sobre a arte de coligir contos que, uma vez reunidos em volume próprio, sustenham um título colectivo. Conta o autor — que se estreou, a propósito, com a publicação de um volume de contos em 1974 — que houve um tempo em que se limitava “a escolher os contos que considerava passarem pelo crivo da [sua] exigência” e a reuni-los numa compilação, mas reconhece que, depois de ter conversado sobre o tema com o romancista catalão Vicenç Riera Llorca — que “defendia que os livros tinham de ser construídos com contos que tivessem uma ligação, uma atmosfera comum, uma relação não necessariamente argumental, mas relação ao fim e ao cabo” —, prefere hoje que haja “alguma razão, quer seja mais subtil ou mais evidente, que justifique a presença de certos contos num mesmo livro”. É precisamente o que acontece em Quando a Penumbra Vem.