À 12.ª semana, a violência regressa aos protestos em Hong Kong

Carrie Lam volta a insistir em conversações com os manifestantes, que estes já tinham rejeitado.

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TYRONE SIU/Reuters

A violência regressou aos protestos de Hong Kong: a polícia lançou gás lacrimogéneo e disparou balas de borracha contra manifestantes num subúrbio industrial depois de estes terem atirado bombas incendiárias e tijolos contra a polícia. Num momento anterior do dia, tinha decorrido uma marcha pacífica de dezenas de milhares de pessoas a marcar a 12.ª semana de protestos.

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A violência regressou aos protestos de Hong Kong: a polícia lançou gás lacrimogéneo e disparou balas de borracha contra manifestantes num subúrbio industrial depois de estes terem atirado bombas incendiárias e tijolos contra a polícia. Num momento anterior do dia, tinha decorrido uma marcha pacífica de dezenas de milhares de pessoas a marcar a 12.ª semana de protestos.

A chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam, renovou neste sábado no Facebook a sua oferta de diálogo aos manifestantes, que consideraram que a iniciativa é “uma armadilha” porque não reconhece as suas reivindicações – uma das quais é a demissão de Lam.

Após a violência, a polícia esvaziou o local, levando os manifestantes a deslocarem-se para outra zona. Segundo o The Guardian, houve nova intervenção da polícia, mais confrontos, e nova movimentação do protesto. O jornal diz que os manifestantes despejavam sabonete líquido e óleo no chão para evitar as cargas policiais.

À noite, o protesto estava concentrado na zona de Sham Shui Po, perto de uma esquadra da polícia. Os manifestantes ergueram barricadas com caixote do lixo e outros objectos. A polícia de choque desimpediu a zona e posicionou-se frente ao protesto - a situação era de impasse, diz o Guardian.

Preparando potenciais problemas, as autoridades tinham encerrado quatro estações de metro perto da zona de Kwun Tong, mas os manifestantes conseguiram chegar à zona. Um dos motivos da manifestação deste sábado foi a instalação de postes com câmaras que as autoridades dizem ser para recolher dados de tráfego e da qualidade do ar, mas que os manifestantes temem ser para vigilância. Com uma motosserra, deitaram um destes postes abaixo.

Os protestos começaram em Junho devido a uma proposta de lei que permitiria a extradição de suspeitos para julgamento na China continental, onde a justiça é muito menos transparente do que em Hong Kong. Mas avançaram para um movimento geral de exigência de mais democracia – exigem, por exemplo, que o chefe do governo seja escolhido por sufrágio directo e universal e não pelo parlamento a partir de uma lista pré-seleccionada por um comité pró-Pequim.

Os manifestantes dizem que o Governo de Pequim está a interferir mais do que está previsto no princípio “Um país, dois sistemas”, como ficou estabelecido na passagem de Hong Kong para soberania chinesa em 1997.

Os protestos duram desde Junho e foram sendo marcados por violência. No fim-de-semana passado, após uma semana em que Pequim movimentou tanques para a fronteira, o que foi visto como uma manobra de pressão e um sinal de que a força poderia ser usada, as manifestações foram pacíficas.

Pequim libertou entretanto um funcionário do consulado britânico em Hong Kong, que foi detido a 9 de Agosto quando voltava da China continental. Simon Cheng foi detido por violar regulamentos de segurança pública, disseram as autoridades de Pequim, acrescentando agora que o detido confessou as acusações, que nunca pormenorizou.

Foi libertado após 15 dias e a sua família, que anunciara a detenção na semana passada depois de não conseguir comunicar com Cheng, pediu “espaço e tempo” e prometeu “mais explicações mais tarde”.