“Não há nenhuma maioria de esquerda”, diz Jerónimo de Sousa

PCP volta a anunciar próximas medidas para o acesso de idosos e doentes crónicos aos medicamentos e insiste na criação de um laboratório nacional.

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Secretário-geral do PCP quer clarificar relação com o Governo António Carrapato/Lusa

“Não há nenhuma maioria de esquerda”, afirmou este domingo, em Alter do Chão, Portalegre, o secretário-geral do PCP. Esta clarificação, como lhe chamou o dirigente comunista, estende-se aos últimos quatro anos da vida política nacional, em que o PCP apoiou quatro orçamentos de Estado do Governo de António Costa.

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“Não há nenhuma maioria de esquerda”, afirmou este domingo, em Alter do Chão, Portalegre, o secretário-geral do PCP. Esta clarificação, como lhe chamou o dirigente comunista, estende-se aos últimos quatro anos da vida política nacional, em que o PCP apoiou quatro orçamentos de Estado do Governo de António Costa.

“Quando há por aí quem queira confundir situações e amalgamar tudo em matéria de responsabilidades governativas, é preciso continuar a clarificar, para que não haja confusões: não há nenhuma maioria parlamentar nem nenhum Governo de esquerda ou de maioria de esquerda, nem tão pouco há Governo apoiado pela CDU”, frisou Jerónimo.

Para o secretário-geral do PCP, há medidas de um Governo que, se forem justas e a favor do povo, “são apoiadas” e há medidas que, se forem negativas e prejudiciais ao país, são “combatidas e recusadas” pelos comunistas.

Assim, no decorrer de um almoço-convívio de simpatizantes da CDU [Coligação Democrática Unitária] e na presença da cabeça de lista pelo distrito, Manuela Cunha, de “Os Verdes”, o líder comunista lançou várias críticas aos governos liderados nos últimos anos pelo PS e PSD em coligação com o CDS-PP.

Apesar deste distanciamento das práticas governamentais, Jerónimo de Sousa não deixou de enfatizar algumas boas decisões do executivo de Costa e do PS. Como a nova Lei de Bases de Saúde, anunciando novas medidas que farão parte do programa eleitoral para as legislativas de 6 de Outubro. “Sendo a nova Lei de Bases da Saúde um importante instrumento para a defesa e reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a resolução dos problemas que se mantêm no acesso dos portugueses aos cuidados de saúde, exigem um conjunto de medidas urgentes, como as que o PCP apresentará brevemente”, revelou.

Entre estas medidas, os comunistas já se tinham referido à dispensa gratuita de medicamentos para doentes crónicos e a proposta de criação do Laboratório Nacional do Medicamento. A “dispensa gratuita” nas unidades de saúde do SNS e nas farmácias dos medicamentos para os doentes crónicos e para as famílias com carência económica, e para os doentes com mais de 65 anos, são algumas das medidas que vão ser apresentadas pelos comunistas, bem como o “aumento da disponibilidade” dos medicamentos genéricos e a “criação” do Laboratório Nacional do Medicamento.

Ao longo do seu discurso, o secretário-geral do PCP defendeu o aumento do salário mínimo nacional para 850 euros, assumindo ainda o “compromisso” de propor e de se “bater” para que na próxima legislatura as reformas e pensões tenham um aumento mínimo de 40 euros.

Jerónimo de Sousa, que também criticou a situação no BES, considerando tratar-se de um “poço sem fundo”, fez o tradicional apelo ao voto da CDU. com Lusa