Líder do PSD defende que Marcelo deve ser mediador na greve se Governo falhar

Rui Rio acusa o executivo de ter “montado um circo” para obter dividendos políticos.

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Rui Rio diz recusar entrar para o "circo" mediático LUSA/FERNANDO VELUDO

O líder do PSD Rui Rio considera que o Governo está agora no “bom caminho” ao ter-se tornado mais “isento e equidistante” no conflito laboral entre os patrões e os sindicatos dos motoristas, depois de, numa primeira fase, o executivo e o primeiro-ministro terem tentado obter “dividendos políticos” com a crise.

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O líder do PSD Rui Rio considera que o Governo está agora no “bom caminho” ao ter-se tornado mais “isento e equidistante” no conflito laboral entre os patrões e os sindicatos dos motoristas, depois de, numa primeira fase, o executivo e o primeiro-ministro terem tentado obter “dividendos políticos” com a crise.

Numa conferência de imprensa, esta tarde, na sede do PSD no Porto, Rui Rio defende que “se o primeiro-ministro não forem capazes de ser o árbitro” poderá haver “recurso ao Presidente da República”. Marcelo Rebelo de Sousa “poderá ser o árbitro que o Governo não consiga ser”, disse, na primeira intervenção pública pessoal desde o início da greve dos motoristas, na passada segunda-feira.

O líder social-democrata fez um retrato do que considerou ser a actuação do Governo nas últimas semanas, acusando o executivo de ter “montado um circo” com medidas como a requisição das Forças Armadas ou da GNR para a paralisação. “Um filme que já tínhamos visto muito parecido antes das europeias com os professores”, comparou. Rui acusou o Governo de querer “criar o clima adequado” para mostrar que “mete os grevistas na ordem e que salva os portugueses de um caos”. Só que – prosseguiu Rui Rio – ao quarto dia de greve a estratégia muda: “levanta o circo, pára com as ameaças e começa a influenciar o diálogo e a ser mais equidistante”. Uma estratégia que Rio assegura ter sido sempre o que defendeu o PSD. Para o líder social-democrata, o executivo estava a gerir este dossier mais preocupado com a popularidade antes das eleições”.

No momento de negociações, Rui Rio apelou à boa-fé de todas as partes e desejou que as conversações “olhem para os salários e condições de trabalho”, assumindo que desconhecias as horas que os motoristas trabalham por dia. “Fiquei impressionado com a dignidade ou a falta dela”, disse, referindo-se ao facto de as oito horas por dia feitas pelos motoristas não chegarem para cumprir os serviços mínimos decretados pelo Governo para o fornecimento de combustível em todo o país. 

Rui Rio foi questionado pelos jornalistas sobre os motivos do seu silêncio nas últimas semanas em torno da crise dos combustíveis, mas o líder do PSD justificou com a recusa em entrar “no circo” e argumentou que o partido foi “tomando posição” sobre o assunto. Rio escusou-se ainda a comentar críticas internas sobre o seu silêncio. 

O líder social-democrata disse também concordar com a requisição civil decretada pelo Governo, tendo em conta as circunstâncias, mas que anteriormente teria actuado de forma mais isenta, se fosse primeiro-ministro. Questionado sobre se esta é uma oportunidade para discutir a lei da greve, Rui Rio disse não ser o momento próprio, dada a proximidade eleitoral das legislativas, mas reconheceu que a situação deu inputs para quando a discussão estiver em cima da mesa.