Um século da História alemã na história de um nome

No livro de Bernhard Schlink sabemos das andanças da História pela história das andanças da sua personagem, Olga.

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No livro de Bernhard Schlink sabemos das andanças da História pela história das andanças da sua personagem, Olga Sophie Bassouls/Sygma via Getty Images

O que há num nome? Quanto pesa um nome? O que pode um nome? Nascida de pai alemão e mãe polaca (da qual herdou o nome próprio), no final do século XIX na Silésia – quando florescia o Segundo Reich –, a protagonista deste romance cedo se viu confrontada com o tema. Vitimados os pais pelo tifo, Olga foi levada para uma aldeia da Pomerânia, para casa da avó paterna que, não gostando “daquele nome eslavo”, quis dar à criança “um nome alemão”. Edeltraud ou Hildegard, por exemplo. Ou, enfim, Helga, que era “quase igual”. “Olga, porém, não deixou que lhe tirassem o nome” (p. 11). Também Viktoria, a filha do “homem mais rico da aldeia”, comentará mais tarde: “Vai-se a ver, se calhar até fala polaco. O rosto dela não tem traços eslavos? Olga Rinke não será um nome eslavo?” (p. 34). No entanto, o irmão de Viktoria, um idealista que sentia “orgulho da Alemanha, do jovem império e do jovem imperador” (p. 17) e que sonhava com a lonjura e o infinito, dá-se bem com Olga. “Que queres fazer com o infinito, se o alcançares?” – perguntava-lhe esta, cujas prioridades eram outras: “Eu gostaria de ter coisas. Um piano, uma caneta de tinta permanente […], um novo vestido de verão e outro de inverno, um par de sapatos para o verão e outro para o inverno. E um quarto é uma coisa? […] O dinheiro é uma coisa, e eu gostava de ter dinheiro para ter um quarto.” (p. 31) Apaixonaram-se. Não casaram, para respeitar conveniências várias, mas o amor deu frutos, tal como se confirmará no terceiro capítulo. Depois de perseguir as miragens do Império Alemão no Sudoeste Africano, Herbert desaparecerá no Ártico, no início do século XX. Cerca de setenta anos depois, Olga continuará fiel à sua memória.

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O que há num nome? Quanto pesa um nome? O que pode um nome? Nascida de pai alemão e mãe polaca (da qual herdou o nome próprio), no final do século XIX na Silésia – quando florescia o Segundo Reich –, a protagonista deste romance cedo se viu confrontada com o tema. Vitimados os pais pelo tifo, Olga foi levada para uma aldeia da Pomerânia, para casa da avó paterna que, não gostando “daquele nome eslavo”, quis dar à criança “um nome alemão”. Edeltraud ou Hildegard, por exemplo. Ou, enfim, Helga, que era “quase igual”. “Olga, porém, não deixou que lhe tirassem o nome” (p. 11). Também Viktoria, a filha do “homem mais rico da aldeia”, comentará mais tarde: “Vai-se a ver, se calhar até fala polaco. O rosto dela não tem traços eslavos? Olga Rinke não será um nome eslavo?” (p. 34). No entanto, o irmão de Viktoria, um idealista que sentia “orgulho da Alemanha, do jovem império e do jovem imperador” (p. 17) e que sonhava com a lonjura e o infinito, dá-se bem com Olga. “Que queres fazer com o infinito, se o alcançares?” – perguntava-lhe esta, cujas prioridades eram outras: “Eu gostaria de ter coisas. Um piano, uma caneta de tinta permanente […], um novo vestido de verão e outro de inverno, um par de sapatos para o verão e outro para o inverno. E um quarto é uma coisa? […] O dinheiro é uma coisa, e eu gostava de ter dinheiro para ter um quarto.” (p. 31) Apaixonaram-se. Não casaram, para respeitar conveniências várias, mas o amor deu frutos, tal como se confirmará no terceiro capítulo. Depois de perseguir as miragens do Império Alemão no Sudoeste Africano, Herbert desaparecerá no Ártico, no início do século XX. Cerca de setenta anos depois, Olga continuará fiel à sua memória.