O segredo para que as gaivotas não lhe roubem a comida? Não desvie o olhar

Um estudo publicado no início de Agosto na The Royal Society Publishing afirma que olhar de forma fixa para as gaivotas pode impedir que elas lhe roubem o lanche.

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Em quase todas as partes do mundo, estabelecer contacto visual é visto como um atributo positivo, um sinal de honestidade e segurança, podendo ser inquietante quando alguém o evita ou não o faz com frequência. Pode, ainda, ser encarado como um indício de competição. Mas será que o contacto visual tem os mesmos efeitos quando é trocado entre humanos e entre animais? Um estudo publicado no início de Agosto na revista científica britânica The Royal Society Publishing indica que sim. Mais, os investigadores descobriram que olhar de forma fixa para as gaivotas pode impedir que estas aves nos roubem a comida.

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Em quase todas as partes do mundo, estabelecer contacto visual é visto como um atributo positivo, um sinal de honestidade e segurança, podendo ser inquietante quando alguém o evita ou não o faz com frequência. Pode, ainda, ser encarado como um indício de competição. Mas será que o contacto visual tem os mesmos efeitos quando é trocado entre humanos e entre animais? Um estudo publicado no início de Agosto na revista científica britânica The Royal Society Publishing indica que sim. Mais, os investigadores descobriram que olhar de forma fixa para as gaivotas pode impedir que estas aves nos roubem a comida.

Os cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, fizeram uma experiência: colocaram um saco de batatas fritas no chão e estiveram atentos ao relógio para perceber quanto tempo levaria até que algumas gaivotas se aproximassem numa situação em que uma pessoa estivesse a olhar directamente para a ave e noutro caso em que o humano estivesse a desviar o olhar.

Em média, as gaivotas demoraram 21 segundos a mais para se aproximarem da comida quando tinham alguém a olhar para elas. Os investigadores tentaram fazer este teste em 74 gaivotas, mas a maioria voou para longe ou não se aproximou —​ apenas 27 aproximaram-se da comida e 19 completaram a experiência do “contacto visual” versus “não estou a olhar”. Os resultados apresentados e divulgados no estudo concentram-se nestas 19 gaivotas.

“As gaivotas são frequentemente vistas como agressivas e dispostas a consumir alimentos de humanos, por isso foi interessante descobrir que a maioria nem sequer se aproximava durante os nossos testes. Das que se aproximavam, a maioria demorou mais para fazê-lo quando estavam a ser observadas. Algumas nem sequer tocaram na comida, embora outras não parecessem sequer notar que um humano estava a olhar fixamente para eles”, refere em comunicado uma das autoras do estudo, Madeleine Goumas, do Centro de Ecologia e Conservação da Universidade de Exeter.

"Gaivotas ousadas arruínam reputação do resto"

Madeleine Goumas refere que a equipa não examinou o motivo destas diferenças, mas acredita que se possa dever à “personalidade de cada gaivota” ou com experiências de alimentação por parte de humanos que tenham tido anteriormente. “Parece que algumas gaivotas muito ousadas estão a arruinar a reputação do resto”, diz a cientista.

Já um dos autores seniores do estudo, Neeltje Boogert, acrescenta que o facto de as gaivotas aprenderem comportamentos com muita facilidade pode significar que se conseguirem obter comida da mão de humanos uma única vez voltarão a repetir a façanha.

“O nosso estudo foi realizado em cidades costeiras da Cornualha e, especialmente nesta época, durante as férias de Verão, quando existem mais churrascos na praia, estamos a notar que existem mais gaivotas à procura de uma refeição fácil. Segundo os nossos resultados, só observando com atenção é que se reduzem as hipóteses de elas comerem o vosso lanche”, refere Boogert.

No Reino Unido, a relação das gaivotas com as zonas urbanas terá começado nos anos 1960. Em Portugal, a presença começou a ser notória no Norte do país na década de 1990. Em Maio, soube-se que as cidades costeiras que integram a Área Metropolitana do Porto (AMP) vão avançar com um plano para controlo das gaivotas. Um projecto que inclui medidas junto de aterros sanitários, bem como a destruição de ovos, uma vez que a presença destas aves nas zonas urbanas, e não só no Porto, já é considerada um problema de saúde pública.