Aventuras no mundo do Unicode

O Consórcio Unicode tem como objectivo definir um código para cada uma das letras, números e outros símbolos de cada um dos sistemas de escrita do mundo. Emojis incluídos.

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VCG/Getty Images

Para a grande maioria das pessoas, :) já não é suficiente. É preciso uma carinha amarela a rir até às lágrimas.

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Para a grande maioria das pessoas, :) já não é suficiente. É preciso uma carinha amarela a rir até às lágrimas.

Os emojis fazem parte dos teclados virtuais dos telemóveis e tornaram-se omnipresentes nas conversas online. Há emojis para copos de cervejas, flamingos e beringelas (que, pelo seu desenho, passaram a ser um símbolo fálico).

Nesta semana, a líder do CDS, Assunção Cristas, partilhou no Instagram uma fotomontagem com quatro penteados diferentes, pedindo aos seguidores que a ajudassem a escolher. A pergunta foi acompanhada por dois emojis sorridentes e um emoji de uma mulher a cortar o cabelo.

De tão usados, os emojis passaram a ter um peso social e a reflectir preocupações de inclusão. Foram criados emojis para braços prostéticos, pessoas em cadeiras de rodas, cegos com bengalas e – após muitos pedidos – uma gota de sangue para simbolizar a menstruação. Também existem várias versões das mesmas figuras humanas, mas com tons de pele diferentes.

As empresas que desenvolvem sistemas operativos (Microsoft, Apple, Google) e as redes sociais criam emojis para as necessidades de expressão dos seus utilizadores. Mas há uma entidade responsável por manter uma espécie de repositório de emojis, garantindo uma correspondência e compatibilidade entre sistemas. Chama-se Consórcio Unicode – e tem muito mais em mãos do que estes desenhos.

O consórcio foi criado em 1991 e é uma organização sem fins lucrativos, cujo objectivo é definir um código para cada uma das letras, números e outros símbolos de cada um dos sistemas de escrita do mundo, esteja ainda em uso ou seja uma língua morta. Graças a esta codificação, os sistemas informáticos têm um padrão para representar caracteres. Outra vantagem é que cada pessoa pode escrever na sua língua (ou na que quiser), mesmo que não tenha um teclado com os caracteres necessários.

Num computador com Windows e Microsoft Word (ou com a alternativa Libre Office) é relativamente simples ver o Unicode em acção. Basta abrir um novo documento, escrever “1F600”, premir a tecla Alt e, mantendo-a pressionada, premir a tecla X. Voilá, a sequência de números e letras é substituída pelo familiar emoji sorridente (numa versão mais simples do que o desenho dos telemóveis). Faça-se o mesmo com “1F3C4” e surge um surfista. Com “1F00” obtemos uma letra grega. E a sequência “A9C1” transforma-se num bonito símbolo usado na ilha de Java.

Na quarta-feira, coincidindo com o Dia Mundial do Emoji, o Consórcio Unicode renovou parte do seu site, cujo aspecto remontava à década de 1990. Um dos objectivos, explicou a organização, era tornar a página mais atraente para quem procurava informação sobre emojis: “Os emojis já foram usados por 92% da população online. E, apesar de a codificação e padronização de emojis ser apenas uma pequena parte do trabalho do consórcio na padronização de texto, a crescente popularidade e procura por emojis puseram a organização sob os holofotes internacionais.”

No site, é possível adoptar caracteres (dando assim um donativo ao consórcio) e propor novos emojis mas as regras são apertadas.