Espanha: 70% dos militantes do Podemos apoia governo de “coligação integral”

Pedro Sánchez precisa dos votos do Unidas Podemos e de outros pequenos partidos regionais para ser reconduzido como chefe de Governo na votação da investidura, cujo debate está marcado para 23-25 de Julho.

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Iglesias tem demasiadas diverg~encias com Sánchez BALLESTEROS/EPA

Uma maioria de 70% dos militantes do Unidas Podemos apoia a proposta do líder Pablo Iglesias para formar governo com o PSOE apenas se puder ter ministros no novo executivo.

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Uma maioria de 70% dos militantes do Unidas Podemos apoia a proposta do líder Pablo Iglesias para formar governo com o PSOE apenas se puder ter ministros no novo executivo.

Segundo o resultado do referendo às bases sobre que modelo de governo apoiam, coligação ou cooperação, 138.488 militantes votaram na opção "coligação integral” de “programa e equipas” com o Partido Socialista Operário Espanhol, sem vetos à participação do líder, Pablo Iglesias.

A outra opção, menos votada contemplava a possibilidade de apoiar um Governo formado apenas pelo PSOE, através de um voto favorável à investidura da continuação de Pedro Sánchez como primeiro-ministro.

Sánchez anunciou a ruptura das negociações com Iglesias por causa da convocação desta consulta às bases do UP com duas questões alternativas que induzem um antecipado repúdio das propostas do PSOE - que eram indicar ministros sem perfil político. A plataforma de esquerda rejeitou esta possibilidade. Sánchez, o primeiro-ministro socialista em funções​, qualificou como “farsa” esta consulta. 

Pedro Sánchez afastou a possibilidade de Iglesias fazer parte do futuro Governo espanhol, porque um executivo com a sua presença “não funcionaria” e “estaria paralisado”. “Um Governo que inclua [Pablo] Iglesias [como vice-presidente] não funcionaria, e estaria paralisado pelas próprias contradições internas” desse executivo, afirmou Sánchez numa entrevista à televisão La Sexta.

A ruptura entre Sánchez e Iglesias dificilmente se emendará - as discrepâncias são profundas, por exemplo sobre a questão da Catalunha, que declarou a independência em 2017 e provocou uma das maiores crises políticas do país. No entanto, o socialista continua a abrir a porta a ministros da UP com um perfil político menos marcado.

No entanto, o líder socialista precisa dos votos do Unidas Podemos e de outros pequenos partidos regionais para ser reconduzido como chefe de Governo na votação da investidura, cujo debate está marcado para 23-25 de Julho. A Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), por exemplo, faz depender da existência de um pacto prévio do PSOE com o Podemos a sua abstenção no debate de investidura, para deixar passar o novo executivo de Sánchez - foi o que afirmou esta sexta-feira o porta-voz da ERC no Congresso, Gabriel Rufián, citado pelo jornal El Mundo.

Se Pedro Sánchez não conseguir ser eleito este mês pode haver uma segunda tentativa, em Setembro. A cúpula socialista tem, porém, dito que haverá apenas uma votação, estando aberto o cenário de Espanha ter que realizar as suas segundas legislativas este ano.