Polícia de Hong Kong dispara gás lacrimogéneo e balas de borracha contra manifestantes

Manifestantes cercaram a Assembleia Legislativa impedindo a realização da sessão de votação da lei da extradição para a China e dizem que não desistem até esta ser posta de lado. Pequim manifestou apoio ao governo e à lei.

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Dezenas de milhares de manifestantes rodearam esta quarta-feira a Assembleia Legislativa de Hong Kong, obrigando ao adiamento do segundo debate da lei da extradição, que permitira enviar qualquer suspeito de crime para julgamento na China. A polícia investiu contra os manifestantes disparando gás lacrimogéneo e balas de borracha - até ao momento há 26 feridos.

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Dezenas de milhares de manifestantes rodearam esta quarta-feira a Assembleia Legislativa de Hong Kong, obrigando ao adiamento do segundo debate da lei da extradição, que permitira enviar qualquer suspeito de crime para julgamento na China. A polícia investiu contra os manifestantes disparando gás lacrimogéneo e balas de borracha - até ao momento há 26 feridos.

Depois de, no domingo, se estimar que um protesto de cerca de um milhão tenha sido um dos maiores, se não o maior, da história da cidade – e certamente o maior desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China em 1997 – os manifestantes prometem não parar até que a lei seja definitivamente posta de lado; ao final da tarde (hora local, manhã em Portugal continental), a polícia tentava afastá-los com gás lacrimogéneo e balas de borracha.

O responsável da polícia Stephen Lo confirmou estas tácticas dizendo que as forças de segurança queriam “evitar um motim" e que os agentes fossem agredidos pelos manifestantes.

Os manifestantes vêem a aprovação desta lei como uma questão existencial: qualquer cidadão de Hong Kong passaria a estar susceptível de ser julgado na China, de acordo com os padrões chineses, muito diferentes dos de Hong Kong (num índice do World Justice Project Hong Kong aparece em 16º lugar e a China em 80º em relação ao respeito das regras do Estado de Direito). “Se for aprovada, Hong Kong será como qualquer outra cidade chinesa”, disse um activista pró-democracia, Martin Lee.

A mudança também poderia ter implicações na actividade económica da região semi-autónoma, com empresários, investidores, e organizações com sede na cidade a perderem confiança no sistema, levando Hong Kong a ter menos vantagens competitivas.

O governo disse que o debate sobre a lei estava adiado e não deu uma data para o retomar. Os manifestantes dizem que só desistirão quando a lei for repelida e preparavam-se para se manter na zona, fazendo lembrar os protestos conhecidos como “Occupy Hong Kong” ou revolução do guarda-chuva em 2014. Nove dos líderes do movimento foram recentemente condenados pelo seu papel no protesto.

Enquanto isso, a China disse que apoiava o governo de Hong Kong em relação a esta lei. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang afirmou que a proposta de lei tem grande apoio entre a opinião pública de Hong Kong.