Degelo dos glaciares chama turistas ao Alasca: “Querem vê-los antes que seja tarde”

De acordo com as várias empresas a operar na região, a procura está a aumentar depressa. A maioria dos clientes são oriundos da Austrália e de mercados emergentes como China e Índia.

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Reuters/Bob Strong

O rápido degelo dos glaciares devido às alterações climáticas está a alimentar um novo mercado para os operadores turísticos do Alasca, nos Estados Unidos.

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O rápido degelo dos glaciares devido às alterações climáticas está a alimentar um novo mercado para os operadores turísticos do Alasca, nos Estados Unidos.

Já não se consegue chegar ao cimo do glaciar de Spencer – que anteriormente era apenas acessível de comboio – devido ao degelo. Mas isso não demove os turistas, que continuam a procurar os glaciares do Alasca. De acordo com a reportagem do Anchorage Daily News, as operadoras de várias empresas de turismo estão a registar um aumento em reservas de viagens de grupos que querem assistir ao recuo do único estado árctico do país.

As temperaturas quentes que se registaram no ano passado enfraqueceram o gelo da base do glaciar e tornaram o local instável. Como já não é possível aceder de comboio, estas empresas estão a levar os clientes de avião até uma das zonas centrais do glaciar, que ainda é segura para actividades como dormir em tendas geodésicas e comer caranguejos.

“Faz sentido ter acesso aos glaciares. As pessoas querem vê-los, tanto visitantes como locais”, diz Matt Szundy, dono da Ascending Path, uma das empresas de turismo a operar na zona, que falou ao Anchorage Daily News. “Mas estão a derreter depressa.”

De acordo com as várias empresas contactadas por aquele jornal, a procura está a aumentar depressa – as pessoas querem ver os glaciares antes que “seja tarde demais”. A maioria dos clientes são oriundos da Austrália e de mercados emergentes como China e Índia.

Estima-se que os glaciares de todo o mundo percam entre 18% e 36% da sua massa até ao final do século. Este degelo resultará num aumento do nível médio da água do mar, na ordem dos 25 centímetros.

O Alasca tem 25 mil glaciares, que, até 2100 deverão perder entre 30% e 50% da sua massa, estima o Journal of Glaciology, que apresenta uma nova investigação sobre o assunto.