Portugal, o país da mobilidade sustentável

Acreditamos que será uma questão de tempo até que os portugueses se apercebam de que melhor do que partilhar transportes só mesmo exterminá-los, de modo a promover uma efectiva melhoria do ambiente.

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ELLY WALTON/GETTY IMAGES

Numa altura em que as preocupações ambientais estão cada vez mais na ordem do dia, Portugal parece ter saltado da retaguarda dos países desenvolvidos, destacando-se significativamente no que à mobilidade sustentável diz respeito. Se a Holanda se tornou emblemática, neste âmbito, pelas suas bicicletas, Portugal tem vindo a ultrapassá-la, recorrendo, na sua modéstia de país caótico do Sul da Europa, a uma aparente crise de mobilidade. Analisemos, então, com rigor, as várias etapas que assinalam o progresso.

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Numa altura em que as preocupações ambientais estão cada vez mais na ordem do dia, Portugal parece ter saltado da retaguarda dos países desenvolvidos, destacando-se significativamente no que à mobilidade sustentável diz respeito. Se a Holanda se tornou emblemática, neste âmbito, pelas suas bicicletas, Portugal tem vindo a ultrapassá-la, recorrendo, na sua modéstia de país caótico do Sul da Europa, a uma aparente crise de mobilidade. Analisemos, então, com rigor, as várias etapas que assinalam o progresso.

O primeiro grande passo para assegurar movimentos pendulares mais ecológicos para os portugueses foi a criação do passe Navegante. Com preços adaptados a salários mínimos de cerca de 600 euros (o que nos faz duvidar que estejamos em Portugal), estes passes trouxeram a refrescante possibilidade de viajar numa infinidade de transportes públicos, muitos deles inacessíveis, até então, às contidas bolsas portuguesas. E como se de uma incrível promoção das televendas se tratasse, a multidão despejou os carros selvaticamente em cima de um qualquer passeio e correu para adquirir o produto em promoção. Desta forma, o Governo garantiu uma primeira etapa de intervenção bem-sucedida, não só porque os portugueses reduziram as emissões de dióxido de carbono, mas também porque a corrida aos passes foi a primeira de muitas corridas que viriam a contribuir para a melhoria da resistência física dos cidadãos.

Convencidos os portugueses de que a solução ideal para as suas vidas era utilizar transportes públicos, Portugal não deixou créditos por mãos alheias (excluímos desta equação o caso de um ou outro devedor da Banca) e, num golpe de génio, suprimiu os próprios transportes públicos. Pouco dados a medidas ecológicas, os cidadãos parecem mostrar-se ainda muito contestatários da segunda etapa do plano de mobilidade sustentável, chegando mesmo a reagir agressivamente. Acreditamos que será uma questão de tempo (talvez um pouco mais do que o tempo de espera por um barco da Soflusa ou por um comboio da CP na linha de Sintra) até que os portugueses se apercebam de que melhor do que partilhar transportes só mesmo exterminá-los, de modo a promover uma efectiva melhoria do ambiente.

Talvez essa revelação aconteça apenas numa fase em que se banalize a corrida como forma de deslocação até ao emprego (ou o triatlo para os habitantes da Margem Sul) e se inviabilize por completo a utilização do carro, através de mais uma ou outra subida do preço dos combustíveis. Nessa altura, os nossos concidadãos vão sentir a pureza do ar que circula nos seus pulmões e, na sua pele, sentirão a água fresca e cristalina do Tejo.

Ainda que a situação dos transportes pareça, por enquanto, fora de controlo, estamos cientes de que este é um grande passo para Portugal. Na cauda da Europa por um ou outro motivo, o nosso país coloca-se, através destas medidas, de retorno às coisas simples da vida e de auto-suficiência, na vanguarda da mobilidade anti-poluente. Depois de todos os prémios do Turismo, para quando um reconhecimento internacional de Portugal no que concerne à mobilidade?