Alemanha deu asilo a dissidentes de Hong Kong e China pede-lhe para corrigir o “erro”

O estatuto foi concedido em 2018, mas só foi conhecido nesta semana. Pequim diz que se trata de ingerência nos seus assuntos internos.

Foto
Ray Wong à saída do tribunal em 2016 Bobby Yip/Reuters

A China pediu à Alemanha para corrigir “o erro” que foi a concessão do estatuto de refugiado a dois activistas políticos de Hong Kong envolvidos na “revolução dos guarda-chuva" e que enfrentam acusações no seu país.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A China pediu à Alemanha para corrigir “o erro” que foi a concessão do estatuto de refugiado a dois activistas políticos de Hong Kong envolvidos na “revolução dos guarda-chuva" e que enfrentam acusações no seu país.

Os dois homens, Ray Wong, de 25 anos, e Alan Li, de 27, faziam parte do grupo Hong Kong Indigenous, que defendiam a independência do território que em 1997 passou da administração britânica para o território chinês. Foram acusados de promover motins na revolta nas ruas em 2014.

Segundo a agência de notícias chinesa Xinhua, a representação do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em Hong Kong pediu na sexta-feira uma reunião de emergência ao cônsul alemão na cidade, David Schmidt, para lhe expressar “a mais veemente oposição” pela decisão do Estado alemão.

A chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, também “lamentou” e manifestou a sua “veemente objecção” à decisão das autoridades alemãs.

Wong e Li fugiram para a Alemanha depois de a justiça chinesa lhes ter concedido liberdade sob fiança e esta semana contaram à Reuters que este país lhes concedeu asilo em Maio de 2018.

“[A China] insta a Alemanha a reconhecer o seu erro e a mudar de curso, não aceitando ou perdoando a criminosos, e a não interferir nos assuntos internos de Hong Kong e da China”, diz a Xinhua.

O consulado alemão na cidade fez saber esta semana que tinha conhecimento de que os dois habitantes de Hong Kong estavam na Alemanha, mas não especificou de que se tratava.

Nos últimos anos, o activismo político em Hong Kong intensificou-se, devido ao que dizem ser a cada vez maior interferência de Pequim apesar da promessa de 1997 de que a cidade, com o seu estatuto administrativo especial, teria autonomia. 

Muitos destes dissidentes foram presos e acusados de vários crimes, entre eles distúrbios públicos e desrespeito. Os críticos acusam a China de querer limitar a liberdade de expressão e de assembleia. O governo de Hong Kong nega qualquer perseguição a estes dissidentes.