Ampolas: quando a beleza está num frasquinho de vidro

Depois das ampolas capilares é a vez de as marcas apostarem neste recipiente para formulações cosméticas.

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À pergunta de como é que se estava a dar com as ampolas, a cliente de Carolina respondeu-lhe que eram muito amargas. A profissional de estética não queria acreditar e sentiu alguma culpa: devia ter explicado melhor que estas não eram bebíveis, mas para espalhar na pele. São cada vez mais as marcas de cosméticos que estão a optar por esta embalagem de vidro para fórmulas mais concentrados e com efeitos mais imediatos.

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À pergunta de como é que se estava a dar com as ampolas, a cliente de Carolina respondeu-lhe que eram muito amargas. A profissional de estética não queria acreditar e sentiu alguma culpa: devia ter explicado melhor que estas não eram bebíveis, mas para espalhar na pele. São cada vez mais as marcas de cosméticos que estão a optar por esta embalagem de vidro para fórmulas mais concentrados e com efeitos mais imediatos.

Até há pouco tempo, as ampolas mais comuns eram as capilares, para a queda do cabelo. Agora, as que os vários laboratórios apresentam não são muito diferentes, também são de vidro, vêm em caixas de cartão, enfileiradas em embalagens plásticas, e é preciso cuidado ao parti-las ou, no caso da Martiderm ou da Sensilis têm um easy open, ou seja, um pequeno mecanismo adequado para abrir. Depois, algumas, têm um aplicador em plástico que ajuda a espalhar o concentrado na pele. 

Mas por que são usadas as ampolas, em vez dos boiões de vidro ou as bisnagas? “Este formato é ideal para manter a eficácia de cada um dos activos da fórmula, como tem 2 ml, o produto é ultra concentrado”, resumem os Laboratórios Babé em resposta ao PÚBLICO. Por exemplo, “a vitamina C é muito instável quando exposta à luz e propensa à oxidação quando exposta ao ar”, justificam os Laboratórios Martiderm que usam vidro opaco. 

Também a Sensilis escolheu o vidro opaco para “proteger da luz e garantir a eficácia” do produto, mas avança com outras razões: muitas vezes os consumidores têm dúvidas sobre que quantidade de produto aplicar, com a ampola já sabe. Contudo, nem sempre é assim, tanto as da Babé como as da Isdin e da Martiderm podem ser usadas mais do que uma vez, por exemplo, de manhã e à noite ou até 48 horas, em alguns casos. “Por se tratar de um produto tão exclusivo e concentrado, o mesmo é apresentado numa ampola de vidro que, além de contribuir para a estabilidade da fórmula, é também símbolo de simplicidade (em termos de packaging) e elegância”, resume a Rituals por e-mail.

Este é um mercado que está a crescer, pelo menos em Espanha, para Portugal não há dados, diz o Infarmed, mas no país vizinho tem um valor de 39 milhões de euros com um crescimento de 21%, informa a Sensilis. Por isso, os laboratórios estão apostados no mesmo, reforça. “Para a marca lançar ampolas é uma maneira diferente de delinear um tratamento e de fazer uma rotina mais completa que pode proporcionar melhores resultados”, continua a espanhola, para a qual esta é também uma forma de conquistar novas consumidoras, acrescenta.

Preços e plástico

E o que vem dentro das ampolas? Há ingredientes para todas as especificidades da pele. A Skeyndor tem toda uma gama de “concentrados únicos de alta tecnologia” para fazer, por exemplo, um peeling, ou para iluminar a pele, mas também tem outros produtos com efeito calmante ou contra a flacidez. Também a Babé oferece ampolas com efeito calmante ou iluminador da pele. 

Já não basta combater as rugas ou as manchas cutâneas, cada vez mais os laboratórios procuram responder a questões actuais como os efeitos da poluição, as consequências do uso da luz dos ecrãs ou os raios UVA e UVB, como é o caso das novas gamas das ampolas da Martiderm ou da Isdin – apresentadas já este ano – que têm como objectivo proteger e reparar a pele dessas agressões.

Umas devem ser aplicadas sete dias consecutivos, como as da Rituals ou da Skeyndor; outras podem ser usadas diariamente, como as da Martiderm ou da Isdin, sendo mais um passo na rotina de beleza diária, recomendam os laboratórios, por exemplo, depois de fazer a limpeza da pele e antes de aplicar a maquilhagem; ou à noite, antes de deitar. Portanto, não são bebíveis, mas servem para aplicar no rosto, pescoço e zona do decote

À excepção da Babé, que comercializa uma caixa de dez unidades a 14,50 euros e uma de duas a 3,50 euros; as outras marcas vendem estes produtos a preços entre os 30 e os 80 euros. A maior parte está à venda nas farmácias. É a investigação em laboratório e os compostos activos que contribuem para definir o preço e não a embalagem, dizem as marcas. “O produto não fica mais caro em formato de ampola”, garante a Sensilis, corroborada pela Martiderm.

Do ponto de vista do consumidor, se o vidro é mais consensual, o plástico pode ser um entrave para o uso destes produtos. A Rituals defende que a “responsabilidade social e ecológica” é uma das suas preocupações. Por seu lado, a Martiderm responde o aplicador é de plástico reciclável, logo, “isso não deve ser encarado como um problema”, já a Sensilis espera que quem usa a ampola ponha o vidro e o plástico no ecoponto respectivo. “A questão do plástico e do meio ambiente está sobretudo relacionada com o mau uso das coisas”, conclui o laboratório.