Agricultura intensiva no Baixo Alentejo coloca em risco saúde e ambiente, diz Zero

Associação ambientalista diz que a expansão de perímetros de rega para novas áreas além das que estão previstas no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva não têm em conta os cenários futuros de mudança climática.

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Rui Gaudencio

Mais de 200 mil hectares de culturas intensivas no Baixo Alentejo ameaçam o ambiente e colocam em risco a saúde das populações, alertou nesta terça-feira a associação ambientalista Zero, exigindo mais fiscalização das explorações.

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Mais de 200 mil hectares de culturas intensivas no Baixo Alentejo ameaçam o ambiente e colocam em risco a saúde das populações, alertou nesta terça-feira a associação ambientalista Zero, exigindo mais fiscalização das explorações.

Em comunicado, a Zero chama a atenção para os “impactos ambientais e as ameaças” à saúde devido à “instalação descontrolada de milhares de hectares de culturas de regadio em regime intensivo e superintensivo no Baixo Alentejo”.

De acordo com a associação, a expansão de perímetros de rega para novas áreas além das que estão previstas no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, nomeadamente blocos confinantes e a novas áreas no Alto Sado e Alto Alentejo, não têm em conta os cenários futuros de mudança climática.

A Zero lembra que os cenários apontam para uma mudança climática para o sudoeste da Península Ibérica, nomeadamente uma subida da temperatura e menor precipitação, o que leva à redução das disponibilidades hídricas com redução de caudais e menor capacidade de recarga dos aquíferos subterrâneos.

A associação sublinha também que a instalação e exploração de perímetros de rega estão a ser feitas sem o devido acompanhamento no terreno nem de fiscalização.

Por isso, a Zero exige um “acompanhamento e fiscalização da instalação de novas culturas e das já existentes promovendo a conservação do solo face aos efeitos da erosão que algumas práticas podem potenciar, bem como o risco de salinização associado à qualidade da água de rega”.

As culturas intensivas que estão a ser instaladas em redor de povoações, e que utilizam quantidades significativas de produtos fitofarmacêuticos, põem em risco a saúde da população.

Por isso, realça a Zero, “é fundamental ter em consideração o princípio da precaução, sendo que os Planos Directores Municipais deverão prever faixas de segurança que limitem a implantação deste tipo de culturas e a utilização de fitofarmacêuticos junto às habitações e na orla dos aglomerados populacionais”.

A associação chama também a atenção para a má qualidade do ar em várias localidades da região causada pelas empresas de extracção de óleo de bagaço de azeitona, que “deverão ser obrigadas a instalar tecnologia mais eficaz de modo a reduzir este impacto que afecta” as populações.

A Zero destaca ainda que a biodiversidade da região tem sido gravemente afectada, pelo que deveriam ser estabelecidos limites às culturas intensivas e especialmente às superintensivas obrigando à manutenção de áreas mínimas da superfície agrícola utilizada afectas a culturas extensivas.

Por isso, a associação defende a manutenção de faixas de vegetação espontânea nas bermas de caminhos e nos taludes e áreas declivosas, a promoção da conservação das margens de linhas de água e a preservação das azinheiras e sobreiros, por forma a criar habitats e garantir refúgio para a biodiversidade.