Christo vai embrulhar o Arco do Triunfo em 2020

Durante duas semanas, o monumento parisiense vai ser intervencionado pelo artista plástico. Obra coincide com exposição dedicada ao casal Jeanne-Claude e Christo no Centro Pompidou.

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O Reichstag de Berlim, o Central Park de Nova Iorque — o artista plástico Christo já os embrulhou a todos. A sua próxima obra será mais um embrulho, desta feita de um dos símbolos de Paris: depois da Pont-Neuf, que foi embalada em 1985, o Arco do Triunfo vai ser intervencionado em 2020, cumprindo um projecto do casal de artistas plásticos — a companheira de Christo, a francesa Jeanne-Claude, morreu em 2009.

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O Reichstag de Berlim, o Central Park de Nova Iorque — o artista plástico Christo já os embrulhou a todos. A sua próxima obra será mais um embrulho, desta feita de um dos símbolos de Paris: depois da Pont-Neuf, que foi embalada em 1985, o Arco do Triunfo vai ser intervencionado em 2020, cumprindo um projecto do casal de artistas plásticos — a companheira de Christo, a francesa Jeanne-Claude, morreu em 2009.

O projecto intitula-se L’Arc de Triomphe, Wrapped ou Projet pour Paris, Place de l’Étoile-Charles de Gaulle e como o próprio nome e trabalho-tipo do artista indicam, consistirá em envolver o monumento central de Paris com um tecido. Serão perto de 25 mil metros quadrados de polipropileno prateado de tons azuis, um tecido que é reciclável e será mantido no lugar por perto de sete mil metros de corda vermelha. A obra é, naturalmente, temporária e estará apenas patente durante 14 dias. Será visitável entre 6 e 19 de Abril, como anunciou esta quarta-feira o atelier do artista, que reside em Nova Iorque.

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André Grossmann/Christo

Esta é uma colaboração de Christo com o Centre des Monuments Nationaux, o instituto público francês que gere e conserva o património do país e que autorizou a intervenção, e com o Centro Pompidou, visto que entre 18 de Março e 15 de Junho o centro vai ter uma exposição dedicada precisamente à dupla de artistas. A francesa Jeanne-Claude e o búlgaro Christo Javacheff conheceram-se em 1958 em Paris, e foi ali que começaram a sua vida profissional e pessoal conjunta. O período entre 1958 e 1964, quando se mudaram para Nova Iorque, incluiu o embalar da Pont-Neuf, que será um dos pontos fulcrais da mostra. Foi também nessa altura que enveredaram pela arte pública e que fizeram os primeiros esboços do que seria envolver o Arco do Triunfo, projecto ao qual voltariam nas décadas de 1970 e 80, para agora o ver concretizado.

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Segundo o New York Times, foi rápido obter a autorização do Estado francês para esta peça, sobretudo em comparação com as décadas que demorou a concretizar os projectos para o Reichstag ou o túnel do Central Park. Os esboços do projecto que terá demorado um ano a autorizar e operacionalizar servirão para o financiar através da sua venda, indica o atelier do artista em comunicado. “O embrulho do Arco do Triunfo será integralmente autofinanciado por Christo graças à venda dos seus estudos preparatórios, desenhos, colagens do projecto bem como maquetes, obras dos anos 50 e 60 e litografias originais dedicadas a outros temas. Não beneficiará de qualquer financiamento público ou privado.”

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André Grossmann/Christo

A mesma nota garante que o espaço sob o arco onde arde a Chama Eterna e se encontra o Túmulo do Soldado Desconhecido não serão alterados.

Entre as mais recentes obras monumentais de Christo está a passagem criada no Lago Iseo, em Itália, que permitiu a experiência de andar sobre a água, e cujo sucesso e afluência de visitantes obrigou ao controlo dos acessos em 2016 — mais de um milhão de pessoas esteve em The Floating Piers. Em 2017, o artista abandonou o projecto Over the River, um toldo prateado de 68 km sobre o rio Arkansas e no qual teria investido cerca de 14 milhões de euros do seu próprio bolso, em protesto contra a administração de Donald Trump. Em 2018, lançou The London Mastaba (2016-18), no lago Serpentine em Londres. Estas são algumas das obras mais importantes da dupla Christo e Jeanne-Claude ao longo das décadas.

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Colagem em duas partes, 2018 André Grossmann/Christo