De Dublin, com desinspiração

A “escola” britânica do realismo social — mas nada exacerbado, nada feroz.

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É a Irlanda, e uma grave crise de habitação que nos últimos anos assolou Dublin, mas o espírito cinematográfico de Rosie tem tudo a ver com a “escola” britânica do realismo social exacerbado e politicamente feroz. O argumento é do conhecido Roddy Doyle, e foi construído juntado bocadinhos de histórias e faits divers gerados por um fenómeno com tendência a repetir-se noutras cidades europeias — rendas liberalizadas, senhorios gananciosos, inquilinos para a rua. É o que acontece à protagonista Rosie e à sua família, que passam a viver na rua, a dormir em carros, onde calhar.

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É a Irlanda, e uma grave crise de habitação que nos últimos anos assolou Dublin, mas o espírito cinematográfico de Rosie tem tudo a ver com a “escola” britânica do realismo social exacerbado e politicamente feroz. O argumento é do conhecido Roddy Doyle, e foi construído juntado bocadinhos de histórias e faits divers gerados por um fenómeno com tendência a repetir-se noutras cidades europeias — rendas liberalizadas, senhorios gananciosos, inquilinos para a rua. É o que acontece à protagonista Rosie e à sua família, que passam a viver na rua, a dormir em carros, onde calhar.

A precisão sociológica, convertida na cuidadosa caracterização de personagens e ambientes, credíveis e para além dos clichés (nenhum miserabilismo, personagens working class mas nada lúmpen), não se discute, e há cenas suficientes para se adivinhar uma força, quase absurda, na forma como se retratam os efeitos em cascata das alterações económicas estruturais. Mas, se o filme, sobretudo a esse nível (digamos, ideológico), faz pensar em Ken Loach, falta aquela vivacidade, a carburar quase a ressentimento, dos melhores exemplos do cinema do realizador inglês. Paddy Breathnatch é tão sóbrio, tão colado à ilustração do argumento, que as potenciais virtudes dessa atitude se anulam num apagamento estilístico que faz mais mal do que bem, arredonda mais do que aguça, e no limite se esgota no acto de “trazer à memória” (Loach, mas também, por vezes, os Dardenne) sem conseguir que o gesto tenha a pungência dessas recordações. 

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