Cristas faz marcação cerrada a Costa para mostrar o lado B na saúde

A líder do CDS programou visitas para os próximos dias como contraponto ao périplo do primeiro-ministro

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

A líder do CDS-PP prepara-se apertar o cerco ao primeiro-ministro na área da saúde. De hoje a sexta-feira, Assunção Cristas vai fazer uma série de visitas a unidades de saúde para mostrar o lado mau dos serviços prestados como “contraponto” ao discurso positivo de António Costa.

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A líder do CDS-PP prepara-se apertar o cerco ao primeiro-ministro na área da saúde. De hoje a sexta-feira, Assunção Cristas vai fazer uma série de visitas a unidades de saúde para mostrar o lado mau dos serviços prestados como “contraponto” ao discurso positivo de António Costa.

A líder do CDS-PP tem questionado o primeiro-ministro sobre a situação na saúde em quase todos os debates quinzenais, mas lamenta que a resposta que ouve seja sempre a “mesma cassete”, a dos “números de produção”. As visitas às unidades de saúde que estão previstas para esta semana são, por isso, “um contraponto daquilo que é uma visão rejeitada pelo primeiro-ministro”, afirmou ao PÚBLICO a líder do CDS-PP. “Vamos mostrar que há muitas coisas que não estão bem. O primeiro-ministro recusa assumir que haja um problema no Serviço Nacional de Saúde”, acrescentou. 

Com um conflito laboral com os enfermeiros que dura há meses e ainda está por resolver, o chefe de Governo inaugura hoje um centro de Saúde em Odivelas, que há muito era reclamado pela população local. Esta segunda-feira, Assunção Cristas estará no Hospital de São José, em Lisboa, para reunir com a administração. Amanhã é a vez de a líder do CDS visitar o centro hospitalar de Leiria, cujo presidente, Hélder Roque, se demitiu na semana passada em protesto por falta de recursos. Outras visitas estão a ser preparadas no Porto, Guarda e Setúbal e deverão ser realizadas até ao final da semana numa altura em que se espera que o primeiro-ministro também faça um périplo por instituições na área da saúde. Segundo a ministra da pasta, Marta Temido, António Costa tem várias iniciativas programadas para os próximos dias para conhecer “a realidade das coisas boas e das coisas menos boas”.

Já a nova ronda programada pela líder do CDS serve para sinalizar que “não há melhorias à vista apesar da mudança de ministro”, refere. A ideia de fazer mais um périplo por instituições de saúde nasceu da mais recente demissão por falta de condições no centro hospitalar de Leiria, o círculo por onde a líder do CDS foi eleita deputada.

Depois de mais esta semana de visitas a instituições de saúde, o CDS vai apresentar um projecto que recomenda ao Governo que faça um “uso amplo e sistemático da criação dos centros de responsabilidade integrada”, uma estrutura que contrata objectivos com o Serviço Nacional de Saúde para permitir rentabilizar a capacidade instalada e cumprir os tempos máximos de resposta garantidos.

Assunção Cristas tem ainda insistido nas propostas do CDS sobre a autonomia dos hospitais e do financiamento orientado pelos resultados por doente. Os projectos já foram entregues no Parlamento.

Desde há um ano que a líder do CDS-PP tem feito das queixas na saúde uma das suas batalhas políticas, aproveitando até a imagem de alguma fragilidade do anterior ministro da pasta. A ronda desta semana é mais uma das acções que Assunção Cristas promove como forma de chamar a atenção para os problemas. As acções no terreno têm sido uma das imagens de marca da liderança de Cristas. Já em dois momentos, o CDS mobilizou-se em todo o país para sinalizar problemas. Um deles aconteceu no Verão passado quando vários dirigentes viajaram em comboios por todo o país para mostrar o desinvestimento na ferrovia. Meses depois foi a vez de chamar a atenção para degradação de estradas e pontes. Os centristas colocaram sinais de perigo em pontos críticos um pouco por todo o país. Este tipo de acção mediática foi inspirada na campanha autárquica de Lisboa, onde Assunção Cristas conseguiu um resultado histórico para o CDS. Curiosamente as duas acções nacionais do ano passado, na ferrovia e estradas, visavam o então ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques, que é agora o cabeça-de-lista do PS às europeias.