Presidente do Novo Banco admite que poderá não ser a última vez que os portugueses são chamados a contribuir

O presidente do Novo Banco anunciou esta sexta-feira que a instituição vai pedir 1,15 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução. Mais tarde, em entrevista à RTP1, António Ramalho admitiu que esta pode não ser a última vez.

Foto
LUSA/TIAGO PETINGA

Depois do anúncio de que o Novo Banco vai pedir 1,15 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução, o presidente do banco, António Ramalho, admitiu esta sexta-feira em entrevista à RTP que pode haver novos pedidos no futuro. 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Depois do anúncio de que o Novo Banco vai pedir 1,15 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução, o presidente do banco, António Ramalho, admitiu esta sexta-feira em entrevista à RTP que pode haver novos pedidos no futuro. 

"Seguramente que se pedirá o dinheiro se necessário porque não vou transferir para terceiros o que deve ser realizado por mim​. O Novo Banco terá de ser um banco bom, a última coisa que vamos fazer é empurrar com a barriga os problemas que entretanto detectamos para que que alguém no futuro os resolva", disse António Ramalho.

Questionado sobre o porquê de o Novo Banco continuar a dar prejuízo, António Ramalho explicou que “o banco teve um período transitório, um período ponte, entre Agosto de 2014 e 17 de Outubro de 2017, data em que foi vendido", e que "a partir daí iniciou um processo de restruturação com outras capacidades de restruturação que lhe permitia corrigir as suas contas". No entanto, "nas contas deste ano a responsabilidade da herança é clara", admitiu. 

O Ministério das Finanças, em articulação com o Fundo de Resolução (FdR), pediu uma auditoria ao processo de concessão dos créditos problemáticos incluídos no mecanismo de capital contingente do Novo Banco. A decisão, divulgada esta sexta-feira, deve-se às perdas de “valor expressivo” do Novo Banco.

Questionado sobre se a auditoria do Estado ao banco não significaria desconfiança, António Ramalho é da opinião que "face aos montantes solicitados, o Governo quer saber como os créditos foram concedidos, alguns deles há alguns anos e merecem ser auditados. Como já foi feito na Caixa Geral de Depósito, é normal que seja feito no Novo Banco", afirmou. 

A tomada de posição do Governo surgiu depois de ser conhecido que o Novo Banco vai pedir uma injecção de capital de 1149 milhões de euros ao Fundo de Resolução. O Fundo de Resolução, entidade que pertence à esfera do Estado e é gerida pelo Banco de Portugal, detém 25% do Novo Banco, detendo o fundo de investimento norte-americano Lone Star os restantes 75%.

A concretizar-se o valor pedido agora conhecido, as injecções do Fundo de Resolução ficarão em mais de 1900 milhões de euros, o que significa que ainda poderá pedir mais quase 2000 milhões de euros, uma vez que a recapitalização do Fundo de Resolução pode chegar aos 3,89 mil milhões de euros.

O Novo Banco teve prejuízos de 1.412,6 milhões de euros em 2018, segundo divulgou esta sexta-feira a instituição, que alterou os resultados de 2017 e subiu os prejuízos para 2.298 milhões de euros nesse ano.