Um filme-cyborg sobre cyborgs

Filme repleto de personagens-cyborg, parece natural que Alita — Anjo de Combate seja construído com lógica de cyborg, montando e combinando muitos bocadinhos extraídos a outros filmes e outras narratívas célebres

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Filme repleto de personagens-cyborg, parece natural que Alita — Anjo de Combate seja construído com lógica de cyborg, montando e combinando muitos bocadinhos extraídos a outros filmes e outras narratívas célebres — de Pinóquio aos Transformers, de Frankenstein a Blade Runner, de Rollerball a Robocop, com um pouco de inspiração kung fu para certas cenas de luta, um travo a western na descrição de um mundo (o século XXVII, ou coisa que o valha) feito imensa “fronteira”, e até uma alusão (no título e no nome da personagem central), voluntária ou não, a esse clássico da fc “construtivista” que foi o Aelita de Protazanov (nos anos 20 soviéticos).

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Filme repleto de personagens-cyborg, parece natural que Alita — Anjo de Combate seja construído com lógica de cyborg, montando e combinando muitos bocadinhos extraídos a outros filmes e outras narratívas célebres — de Pinóquio aos Transformers, de Frankenstein a Blade Runner, de Rollerball a Robocop, com um pouco de inspiração kung fu para certas cenas de luta, um travo a western na descrição de um mundo (o século XXVII, ou coisa que o valha) feito imensa “fronteira”, e até uma alusão (no título e no nome da personagem central), voluntária ou não, a esse clássico da fc “construtivista” que foi o Aelita de Protazanov (nos anos 20 soviéticos).

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O exercício de bricolage tem o alto patrocínio de James Cameron (co-produtor e co-argumentista, a partir de uma banda desenhada japonesa), configura o lançamento de uma nova “série” (mais um final narrativo em aberto, como é cada vez mais frequente neste tipo de filmes), e é executado por Robert Rodriguez. A sensação de déja vu impera, nem é pela reciclagem que subjaz ao filme, é mesmo pela relativa desinspiração visual (apesar das centenas de milhões de dólares que o orçamento estourou nos efeitos especiais), pelo uso canónico das 3D (em toda a história do cinema, não deve ter havido processo técnico a estagnar tão depressa), pelo ritmo rotineiro da narração. Uma ou outra cena capaz de, ainda que em esboço, parecer menos rotineira (o “romantismo” entre corpos semi-mecânicos semi-humanos, parcialmente despedaçados), não deixa de ser apenas isso, um esboço de qualquer coisa que fica por desenvolver. A ligeira vantagem de Alita sobre os muitos filmes de intenções similares está numa certa honestidade: Rodriguez (que já nos Spy Kids calibrara o seu cinema para uma faixa etária muito jovem) não finge que se trata de um filme para adultos, mantém a metafísica de pechisbeque e a solenidade de tom em mínimos toleráveis e, embora isso não salve propriamente nada, esforça-se por manter a desenvoltura pragmática de um filme de aventuras juvenis. Não salva nada, como dissemos, mas faz de Alita um objecto um pouco mais suportável do que a maioria dos seus parentes.