Santana sugere que Marcelo promova pacto de crescimento económico

Líder da Aliança encerrou primeiro congresso do partido com críticas à “frente de esquerda”.

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Pedro Santana Lopes, já eleito como presidente da direcção nacional da Aliança, sugeriu ao Presidente da República que leve os parceiros sociais para o Conselho de Estado, com vista a conseguir “um pacto para o crescimento económico”. No discurso de encerramento do primeiro congresso do partido, em Évora, Santana Lopes fez questão de lançar desafios a Marcelo Rebelo de Sousa.

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Pedro Santana Lopes, já eleito como presidente da direcção nacional da Aliança, sugeriu ao Presidente da República que leve os parceiros sociais para o Conselho de Estado, com vista a conseguir “um pacto para o crescimento económico”. No discurso de encerramento do primeiro congresso do partido, em Évora, Santana Lopes fez questão de lançar desafios a Marcelo Rebelo de Sousa.

No recinto do Arena, em que os congressistas agitaram bandeiras azuis e brancas, o líder da Aliança alertou o Presidente da República para o “cerco” que o Governo está a fazer à Região Autónoma da Madeira para o PS poder “ganhar as próximas eleições” regionais. “Permitam-me dizer ao Presidente da República: esta matéria exige a sua especial atenção”, disse. Santana Lopes tinha ainda outras sugestões para Marcelo Rebelo de Sousa, no âmbito do Conselho de Estado: reunir com agentes da justiça, apesar de se ter empenhado num pacto neste sector.

Em jeito de balanço da legislatura, o líder da Aliança criticou a “frente de esquerda” por ter anunciado que o pior da crise económica já estava ultrapassado, mas que agora “dizem que está tudo constipado, que pode vir gripe e mesmo pneumonia”. Quanto aos resultados da acção do executivo, o antigo primeiro-ministro não tem dúvidas sobre esta legislatura: “É um caso de má governação”. E a atitude da “frente de esquerda” tem “preconceito” contra a agricultura e é “injusta” nas greves que “não são dirigidas pelos seus” e nas comissões de inquérito que não são de sua iniciativa.

O líder da Aliança começou a sua intervenção a expressar o “modo sentido” em relação aos casos de violência doméstica e na morte de mulheres “que tinham direito a ser felizes”. “Por elas o nosso sentimento e pedir a Deus que as tenha junto de si e dizer a Portugal isto não pode continuar”, disse.

Reiterando a defesa do Estado solidário – em contraste com o Estado social – Santana Lopes defendeu uma alteração de financiamento do Serviço Nacional de Saúde, através da generalização dos seguros de saúde, medida que tem de ser acompanhada por incentivos fiscais. “É insustentável que só os ricos possam escolher entre o público ou privado, com seguros de saúde todos o poderão fazer”, disse, voltando a criticar neste ponto os “preconceitos ideológicos ultrapassados” da esquerda.

A diferença que Santana Lopes quis vincar da posição da Aliança face ao Estado Social reside na recusa em “dar tudo a todos independentemente de serem pobres ou ricos”. E deixou reforçada a ideia de que nem o crescimento económico chega para pagar a despesa desmesurada do Estado: “Quanto mais o Estado gasta, mais impostos temos de pagar, directos ou indirectos, por isso, temos de fazer opções”.

Defendendo a iniciativa privada como um dos pilares da identidade da Aliança, Santana Lopes considerou que “o Estado não pode sustentar empresas sorvedoras” e que o Estado “por regra é mau gestor”. Nesse caso, é melhor “concessionar”.

Apostado em conquistar eleitorado à abstenção, o líder da Aliança deixou um apelo: “dêem-nos uma oportunidade”. E prometeu: “Preparem-se onde houver combates, causas justas, opressão, injustiças, nós vamos lá estar, nas fábricas, nos hospitais, nas escolas.”

No final do discurso, de cerca de 40 minutos, a sala levantou-se, de bandeiras na mão, enquanto os dirigentes subiram ao palco para se juntarem a Santana Lopes ao som de um dos três candidatos a hino do partido, neste caso, o que parece colher mais aceitação, da autoria de António Pinto Basto. O próprio Santana o cantou, de bandeira na mão, que depois largou, para, hirto, entoar o hino nacional.