Filme restaurado de Manoel de Oliveira é exibido em Paris

Versão original de O Pão, de 1959, está incluído no programa do festival Toute La Mémoire Du Monde, que vai decorrer na Cinemateca Francesa de 13 a 17 de Março.

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O Pão teve uma primeira versão de longa-metragem em 1959 DR

O documentário O Pão (1959), de Manoel de Oliveira (1908-2015), vai ser exibido numa versão digital, em Março, em Paris, no âmbito de um festival dedicado a obras cinematográficas restauradas, revelou esta quarta-feira a Cinemateca Portuguesa.

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O documentário O Pão (1959), de Manoel de Oliveira (1908-2015), vai ser exibido numa versão digital, em Março, em Paris, no âmbito de um festival dedicado a obras cinematográficas restauradas, revelou esta quarta-feira a Cinemateca Portuguesa.

O filme foi recentemente alvo de uma intervenção digital nos laboratórios da Cinemateca Portuguesa, e é agora seleccionado para o festival Toute La Mémoire Du Monde, um evento organizado pela Cinemateca Francesa destinado a "celebrar o património cinematográfico" de filmes restaurados.

Existem duas versões deste filme de Manoel de Oliveira, que acompanha o ciclo de produção do pão e que foi feito para a Federação Nacional de Industriais de Moagem: uma versão longa, de 1959 e com cerca de uma hora, e uma versão curta, de 1963, com uma nova montagem feita pelo autor.

Em Paris, será exibida a versão longa do documentário, a que foi restaurada digitalmente.

Segundo a Cinemateca Portuguesa, citando uma entrevista antiga do cineasta, Manoel de Oliveira preferia a versão remontada do filme, por considerar que o documentário inicial era exagerado. "Quando fiz O Pão, eu estava sedento de cinema. Queria abordar todos os meios, todos os sítios. Essa sede de cinema levou-me a mostrar e a misturar muita coisa", quando a ideia central do filme é "a ideia do pão como uma corrente de um rio que passa por vários lugares, passa por diferentes mãos, por diferentes hábitos ou fardas", lê-se na entrevista citada pela Cinemateca.

Em 1959, Manoel de Oliveira tinha 50 anos, vários projectos por concretizar e acabara de fazer um estágio nos laboratórios da AGFA, na Alemanha, para estudar a cor no cinema. Aplicaria essa formação no documentário O Pintor e a Cidade (1955), inteiramente rodado no Porto seguindo o trabalho do pintor António Cruz (1907-1983), e depois em O Pão.

Na altura, Manoel de Oliveira tinha apenas uma longa-metragem de ficção, "Aniki Bobó (1942, e vários filmes documentais. Só a partir da década de 1960 é que manteve uma produção mais regular na criação cinematográfica, que se intensificou nos anos 1980 e seguintes, até morrer, em 2015.

O festival Toute La Mémoire Du Monde (nome que vai buscar a um documentário que o francês Alain Resnais realizou em 1957 sobre a Biblioteca Nacional de França) vai decorrer de 13 a 17 de Março, em Paris, com uma centena de filmes no programa.