Hugo Soares acusa Rio de "ter mais força" a atacar militantes do PSD do que António Costa

Hugo Soares considera que o PSD nunca falhou para o próprio presidente Rui Rio que aguarda moção de confiança aprovada em Conselho Nacional.

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Hugo Soares, à esquerda de Maria Luís Albuquerque, no Conselho Nacional do PSD Nelson Garrido

O ex-líder parlamentar do PSD Hugo Soares acusou esta quinta-feira o presidente do partido de atacar de forma "inusitada e despropositada" Luís Montenegro, lamentando que Rui Rio tenha "mais força" a criticar militantes sociais-democratas do que o primeiro-ministro.

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O ex-líder parlamentar do PSD Hugo Soares acusou esta quinta-feira o presidente do partido de atacar de forma "inusitada e despropositada" Luís Montenegro, lamentando que Rui Rio tenha "mais força" a criticar militantes sociais-democratas do que o primeiro-ministro.

Em declarações aos jornalistas, na pausa para jantar do Conselho Nacional, que decorre num hotel do Porto, Hugo Soares disse apenas comentar a intervenção de Rui Rio porque esta foi disponibilizada publicamente nas redes sociais e no site do partido.

"Mais uma vez, o doutor Rui Rio deixou de falar para o PS e ataca de uma forma - confesso que estou a medir as palavras - inusitada e despropositada um dos melhores quadros que o PSD tem, que é Luís Montenegro", lamentou.

O antigo líder parlamentar disse ter dito a Rui Rio que se, no último ano, "tivesse tido essa força nos ataques a António Costa", hoje provavelmente não haveria um Conselho Nacional a discutir a renovação da confiança à sua direcção.

"O doutor Rui Rio demonstrou mais uma vez hoje que tem mais força para falar contra militantes do seu partido do que contra o primeiro-ministro de Portugal", acusou.

Hugo Soares desafiou ainda Rui Rio a apontar "um exemplo" de boicotes que militantes, distritais ou deputados do partido lhe tenham feito.

"Quando é que o partido falhou a Rui Rio? Nunca aconteceu. Não pode chegar ao Conselho Nacional e dizer que tem sido alvo de boicotes, intrigas, hipocrisias e não apontar um caso, usando expedientes para a desculpa de um resultado eleitoral que se adivinha catastrófico", disse.

Sobre a recusa da Mesa do Conselho Nacional em apreciar um pedido para que Luís Montenegro fosse ouvido na reunião, Hugo Soares classificou-o como "mais um expediente, mais uma trica", lamentando que não tenha sido possível escutar os argumentos do antigo líder parlamentar do PSD.

Na reunião, foram várias as vozes críticas à estratégia de Rio, além de Hugo Soares e Pedro Pinto, que as replicaram à comunicação social.

Segundo relatos de conselheiros, a ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque questionou as vantagens para o PSD dos acordos celebrados com o PS e acusou Rio de não conseguir convencer nem os militantes, nem os portugueses.

O líder da distrital de Viseu, Pedro Alves, que apoiou Rio nas últimas directas, disse sentir um descontentamento generalizado entre os militantes e até entre membros da direcção.

O presidente da Câmara de Espinho, Pinto Moreira, que esteve presente na passada sexta-feira quando Luís Montenegro desafiou Rio a convocar directas, saiu em defesa do antigo líder parlamentar.

O autarca salientou que Montenegro ganhou em Aveiro nas últimas legislativas e deu os exemplos de Passos Coelho, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, que perderam eleições autárquicas e depois ocuparam cargos de primeiro-ministro e chefe de Estado.

No seu discurso, Rio tinha questionado, de forma implícita, a capacidade de Luís Montenegro vencer eleições: "Estou à espera de, pela primeira vez, perder umas eleições, enquanto que os que me desafiam estão na posição inversa: estão à espera de conseguir ganhar uma eleição, pela primeira vez na vida".

O Conselho Nacional do PSD está reunido desde as 17h30 para debater e votar uma moção de confiança política à direcção, apresentada pelo presidente do partido, depois de o antigo líder parlamentar Luís Montenegro ter desafiado Rui Rio a convocar directas.

Rio rejeitou o repto de antecipar as eleições -- completou no domingo metade do seu mandato, um ano - mas pediu ao órgão máximo do partido entre Congressos que renovasse a confiança na sua Comissão Política Nacional.

De acordo com os estatutos do PSD, "as moções de confiança são apresentadas pelas Comissões Políticas e a sua rejeição implica a demissão do órgão apresentante".