Greve dos enfermeiros adiou mais de 10 mil cirurgias segundo associação sindical

Lúcia Leite, presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros, disse à Lusa que a expectativa dos sindicatos é que na próxima reunião de negociações, na quinta-feira, o Governo "esteja disponível para chegar a um entendimento".

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A paralisação dos enfermeiros durou mais de um mês Adriano Miranda

A greve dos enfermeiros em blocos operatórios, que terminou na segunda-feira, levou ao adiamento de 10 mil cirurgias, disse nesta terça-feira à agência Lusa a presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), Lúcia Leite.

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A greve dos enfermeiros em blocos operatórios, que terminou na segunda-feira, levou ao adiamento de 10 mil cirurgias, disse nesta terça-feira à agência Lusa a presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), Lúcia Leite.

"Os números que temos são de referência, pois só os hospitais têm números concretos", comentou a dirigente, acrescentando que a média de adiamentos foi de 500 cirurgias por dia útil.

Lúcia Leite indicou ainda que a expectativa dos sindicatos é que na próxima reunião de negociações, na quinta-feira, o Governo "esteja disponível para chegar a um entendimento".

A paralisação, que durou mais de um mês, colocou o sector da saúde em convulsão pelo seu carácter inédito, não só por ser prolongada no tempo, mas também porque um movimento de enfermeiros criou uma recolha de fundos através da Internet para financiar os grevistas.

"Teve impacto financeiro nas instituições de alguns milhões de euros, e a nossa expectativa é que o Governo mude de opinião", disse.

A greve foi convocada por duas estruturas sindicais, mas depois de o movimento "greve cirúrgica" ter já iniciado a recolha de fundos que conseguiu recolher mais de 360 mil euros.

Iniciada a 22 de Novembro, a greve abrangeu cinco centros hospitalares: Centro Hospitalar S. João (Porto), Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Centro Hospitalar de Setúbal.

Em declarações de balanço hoje à agência Lusa, Lúcia Leite, presidente de um dos sindicatos que convocou a greve, comentou que os enfermeiros "conseguiram demonstrar a sua posição, prejudicando o mínimo possível de doentes".

"Claro que os enfermeiros não podem fazer greve sem prejudicar os doentes, mas são sobretudo pessoas que esperam por cirurgias há um ou mais anos", disse sobre os adiamentos que motivaram alertas, avisos e manifestações de preocupação entre vários atores da área da saúde.

Acrescentou que a proposta que o Governo tem apresentado "é inegociável, e não resolve os problemas dos enfermeiros".

"Os enfermeiros perderam a sua carreira. Tinham cinco categorias e agora têm só uma", argumentou.

Lúcia Leite indicou que a expectativa dos sindicatos é que na próxima reunião de negociações, o Governo "esteja disponível para chegar a um entendimento".

A próxima reunião negocial, com o Ministério das Finanças e o Ministério da Saúde, realiza-se na quinta-feira, às 16h30, na Administração Central do Sistema de Saúde, em Lisboa.

Os administradores hospitalares denunciaram que haveria doentes em situações críticas com cirurgias adiadas, considerando o panorama "extremamente grave".

A Ordem dos Médicos também alertou para doentes prioritários que não estariam a ser operados e insistiu que os hospitais deviam divulgar os casos dos doentes com cirurgias adiadas. A Ordem chegou a fazer esta exigência às administrações das unidades de saúde recorrendo à legislação que obriga a facultar dados e documentos administrativos.

Da parte do Governo, a ministra da Saúde considerou desde logo, mesmo antes do início do protesto, que a greve era "extraordinariamente agressiva", mas foi recusando negociar com os sindicatos que convocaram a paralisação enquanto esta decorria.

Entre as reivindicações dos enfermeiros estão a criação de uma categoria de especialista na carreira, a antecipação da idade da reforma e melhoria de condições no Serviço Nacional de Saúde.