Pela primeira vez numa década, há um comboio a circular entre as duas Coreias

Uma missão técnica está a preparar o restabelecimento das ligações ferroviárias entre Norte e o Sul. Durante 18 dias, engenheiros vão viver e trabalhar dentro de um comboio que vai percorrer e analisar as linhas da rede ferroviária do regime de Pyongyang.

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Reuters/KIM HONG-JI

Um comboio de seis carruagens com dezenas de oficiais e engenheiros sul-coreanos a bordo cruzou na manhã de sexta-feira a fronteira entre as duas Coreias, em direcção a Norte, à estação de Panmun, perto da cidade de Kaesong, numa viagem considerada histórica.

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Um comboio de seis carruagens com dezenas de oficiais e engenheiros sul-coreanos a bordo cruzou na manhã de sexta-feira a fronteira entre as duas Coreias, em direcção a Norte, à estação de Panmun, perto da cidade de Kaesong, numa viagem considerada histórica.

Durante 18 dias, técnicos dos dois países vão viver e trabalhar naquele comboio, percorrendo mais de 1200 quilómetros para proceder a uma vistoria da rede ferroviária da Coreia do Norte e perceber o que será necessário para a modernizar e unir à rede do Sul.

Dentro dos seis vagões há alojamento, escritórios, depósitos de combustível e geradores. O comboio percorrerá toda a rede até à fronteira com a China, ao longo de duas linhas nas costas oeste e leste do país comunista.

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De acordo com o The Guardian, esta vistoria necessitou de autorização das Nações Unidas, uma vez que o comboio transporta para Coreia do Norte equipamento que está proibido à luz dos embargos internacionais e vigor. Recorde-se que o país permanece sob pesadas sanções por causa do seu programa de armas nucleares.

Por esta razão, e pelo muito trabalho técnico que ainda há por fazer, a cerimónia de inauguração de duas ligações ferroviárias entre o Sul e o Norte que está planeada até ao final do ano será apenas simbólica.

Citado pelo jornal britânico, Cho Myoung-gyon, ministro da Unificação sul-coreano, disse durante uma cerimónia na estação Dorasan, perto da fronteira, que “as ligações ferroviárias vão ajudar a consolidar a paz na península coreana” e que os dois países vão manter “uma estreita cooperação com as nações envolvidas para que o projecto de ligação entre as ferrovias do Sul e do Norte possa prosseguir com o apoio internacional”, disse.

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No encontro entre os líderes do dois países em Abril, o ditador norte-coreano Kim Jong-un admitiu ao Presidente sul-coreano que a ferrovia do seu país de encontrava num estado “embaraçoso”. A última vez que um comboio atravessou oficialmente a fronteira foi em 2008. Nessa altura, uma composição de carga sul-coreana ligava os dois países cinco vezes por semana. A ligação acabaria por ser suspensa pela degradação as relações políticas entre Seul e Pyongyang.