Valência quer afirmar-se como destino de turismo náutico

A cidade espanhola quer aproveitar a proximidade com as ilhas Baleares para crescer num mercado negligenciado desde que recebeu, em 2007, a 32.ª edição da Taça América.

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Quando, no final de Novembro de 2003, Pierre-Yves Firmenich, comodoro da Sociedade Náutica de Genebra, revelou que tinha sido atribuído ao porto de Valência a honra de receber a 32.ª edição da Taça América, frustrando, entre outras, a candidatura de Lisboa/Cascais, os méritos da conquista espanhola foram atribuídos pelos organizadores à “qualidade desportiva apresentada” e aos ventos “bons e confiáveis”. Mais tarde, soube-se que o Clube Náutico de Valência ofereceu aos suíços 300 milhões de euros, o dobro do valor orçamentado pela candidatura portuguesa. O investimento dos valencianos, no entanto, teve retorno. Para além de ser reconhecida pelas Fallas, laranjas, paella e projectos faraónicos do arquitecto Santiago Calatrava, Valência passou a ter também no mar um aliado. Porém, apesar de dotada de infra-estruturas de qualidade há mais de uma década, a cidade mediterrânica só agora parece decidida em explorar um mercado até aqui negligenciado: o turismo náutico.

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Quando, no final de Novembro de 2003, Pierre-Yves Firmenich, comodoro da Sociedade Náutica de Genebra, revelou que tinha sido atribuído ao porto de Valência a honra de receber a 32.ª edição da Taça América, frustrando, entre outras, a candidatura de Lisboa/Cascais, os méritos da conquista espanhola foram atribuídos pelos organizadores à “qualidade desportiva apresentada” e aos ventos “bons e confiáveis”. Mais tarde, soube-se que o Clube Náutico de Valência ofereceu aos suíços 300 milhões de euros, o dobro do valor orçamentado pela candidatura portuguesa. O investimento dos valencianos, no entanto, teve retorno. Para além de ser reconhecida pelas Fallas, laranjas, paella e projectos faraónicos do arquitecto Santiago Calatrava, Valência passou a ter também no mar um aliado. Porém, apesar de dotada de infra-estruturas de qualidade há mais de uma década, a cidade mediterrânica só agora parece decidida em explorar um mercado até aqui negligenciado: o turismo náutico.

Durante cinco dias, perto de dez mil pessoas passaram pelos 16.000m2 de área de exposição na Marina de Valência, onde 90 embarcações de 71 expositores proporcionaram, espera a organização do Valência Boat Show 2018, um volume de negócios que supere a fasquia das duas edições anteriores: cerca de quatro milhões e meio de euros. Mercedes Gomis, recentemente empossada presidente da Unión de Empresas Náuticas, entidade que, juntamente com a Marina de Valência, organiza o salão náutico, explica à Fugas que o certame valenciano “está mais dirigido para barcos entre os seis e os 18 metros” e que “as quotas de visitantes e expositores estão consolidadas, mas podem ainda crescer”.

Esse crescimento, refere, deve ser replicado no turismo náutico. Admitindo que o “mercado português é importante” para o renascimento da indústria náutica local que, tendo “uma costa espectacular” e sendo “o porto de Madrid”, tem “muito potencial”, e é um local “onde o turismo português chega muito facilmente”.

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Vicent Bosch/Valencia Boat Show

Responsável pela exploração da Marina de Valência, Germán Gil lembra que a base do novo projecto de turismo náutico “são as infra-estruturas criadas para a Taça América” e que agora a aposta passa pela “inovação” por “atrair startups” e “reconverter as antigas bases utilizadas pelas equipas na Taça América em centros de negócios”.

Com “um espelho de água enorme”, Valência tem “uma das maiores marinas do Mediterrâneo” e, não sendo “um clube náutico fechado e elitista”, a política está virada para “o cidadão, que gosta de mar”. “Queremos converter a Marina no centro geográfico de diversão em Valência”, realça Germán Gil.

Lembrando que “há quatro ou cinco anos” a marina valenciana tinha “cinco ou seis barcos atracados” e agora, com lugar para quase 900 embarcações, já tem uma “média de ocupação de 86%”, este espanhol acrescenta que “a pouco a pouco, sem muito marketing ou publicidade”, Valência começa a afirmar-se como destino de turismo náutico.

Motivo? “O porto está dentro da cidade. Há entretenimento e diversão, a gastronomia é fantástica, e Valência ainda é uma cidade económica. As ilhas Baleares estão em frente, a menos de 100 milhas, e Ibiza, Maiorca e Menorca, locais extraordinários, estão com 100% de ocupação para os barcos”, diz Germán Gil, que pisca o olho aos portugueses, enumerando as vantagens que considera que a Marina de Valência tem em relação à concorrência localizada no Algarve: “Temos melhor clima, melhores ventos e o Mediterrâneo tem um encanto especial.”

A Fugas viajou a convite do Turismo de Valência