Trump corrige Trump: militares na fronteira não irão abrir fogo sobre imigrantes

Na quinta-feira, o Presidente norte-americano afirmou que deu ordem aos militares destacados para a fronteira com o México para dispararem contra os imigrantes da América Central em caso de confronto. Menos de 24 horas depois, voltou atrás.

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Reuters/KEVIN LAMARQUE

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse esta sexta-feira que os imigrantes ilegais que atirarem pedras aos militares norte-americanos nas fronteiras serão detidos e não alvejados a tiro, ao contrário do que tinha afirmado menos de 24 horas antes.

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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse esta sexta-feira que os imigrantes ilegais que atirarem pedras aos militares norte-americanos nas fronteiras serão detidos e não alvejados a tiro, ao contrário do que tinha afirmado menos de 24 horas antes.

Na quinta-feira, o Presidente norte-americano afirmou que deu ordem aos militares destacados para a fronteira com o México para dispararem contra os imigrantes da América Central em caso de confronto — mesmo que sejam usadas pedras. 

Os militares “não têm de disparar”, disse Trump aos jornalistas na Casa Branca, nesta sexta-feira. “O que eu não quero é que estas pessoas atirem pedras. Se o fizerem, serão detidas durante muito tempo”, acrescentou.

Estas declarações contrariam o que Trump disse menos de 24 horas antes. "Espero que não [aconteça]. Mas se alguém atirar pedras — como fizeram no México — vamos considerar que é um ataque com uma arma de fogo, porque a diferença não é muita”, tinha dito o Presidente  numa conferência de imprensa na Casa Branca. “Querem atirar pedras aos nossos militares? As nossas forças vão responder com tiros”, argumentou. 

Também na quinta-feira, o Presidente norte-americano prometeu emitir um decreto presidencial que proíba os imigrantes de pedirem asilo se entrarem ilegalmente nos Estados Unidos. Trump prometeu, também, criar “cidades de tendas” para reter todas as pessoas que atravessem a fronteira dos EUA sem documentação. Estas declarações surgem a alguns dias das eleições para o Congresso.

Pela lei norte-americana, qualquer imigrante pode requerer asilo, independentemente da forma como chegou ao país.

Migrantes, armas de campanha

Nos últimos dias, Trump adoptou uma postura mais dura contra a imigração ilegal. O Presidente considera que o grupo de imigrantes que se aproxima da fronteira com o México, vindo da América Central, são uma ameaça para os norte-americanos. Descreve-os como “uma invasão” de pessoas violentas que irão pôr em risco a segurança do país.

Na versão de Trump, os democratas e as suas “leis liberais ridículas” de imigração são parcialmente responsáveis pela chegada de imigrantes. O México também não está livre de culpa: o Presidente norte-americano afirma que também as autoridades do país vizinho são responsáveis pela entrada de "grandes fluxos de droga e de pessoas" nos EUA.

Estas caravanas de imigrantes acontecem anualmente. São constituídas, na sua maioria, por homens, mulheres e crianças em fuga de zonas muito violentas e de grande pobreza.

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Na última semana, Trump enviou tropas para a fronteira Sul dos EUA e ameaçou eliminar o "direito de solo", previsto na Constituição e que determina que as crianças nascidas em território norte-americano — mesmo que sejam filhas de imigrantes ilegais — têm direito à nacionalidade norte-americana.