Há mais uma mulher a acusar Kavanaugh de conduta imprópria

Deborah Ramirez, colega de faculdade do juiz que Donald Trump nomeou para o Supremo Tribunal dos EUA, denuncia um segundo incidente de cariz sexual envolvendo Brett Kavanaugh. “Isto é difamação, pura e simples”, responde o agora magistrado.

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Reuters/CHRIS WATTIE

Brett Kavanaugh, o homem que o Presidente norte-americano Donald Trump nomeou para uma vaga no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, enfrenta uma segunda acusação de conduta imprópria por parte de uma mulher. Depois de ter sido acusado por Christine Blasey Ford de uma tentativa de violação supostamente ocorrida em 1982, quando Kavanaugh tinha 17 anos, o juiz é agora alvo de uma denúncia relativa a um incidente que terá ocorrido no académico de 1983-84, quando tinha 18 anos e estava na Universidade de Yale, revela a revista New Yorker.

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Brett Kavanaugh, o homem que o Presidente norte-americano Donald Trump nomeou para uma vaga no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, enfrenta uma segunda acusação de conduta imprópria por parte de uma mulher. Depois de ter sido acusado por Christine Blasey Ford de uma tentativa de violação supostamente ocorrida em 1982, quando Kavanaugh tinha 17 anos, o juiz é agora alvo de uma denúncia relativa a um incidente que terá ocorrido no académico de 1983-84, quando tinha 18 anos e estava na Universidade de Yale, revela a revista New Yorker.

A acusadora é Deborah Ramirez, hoje com 53 anos, que foi colega de Kavanaugh em Yale, e o caso terá ocorrido numa festa num dormitório da universidade. Segundo contou à New Yorker, Kavanaugh terá colocado o pénis junto à cara da então colega, levando-a a tocar no membro inadvertidamente, quando tentava afastá-lo do rosto. O incidente terá ocorrido à frente de vários estudantes que, tal como Kavanaugh, se riram do acto e ridicularizaram a colega.

Ramirez, que quer que o FBI investigue o caso, disse à revista que tanto ela como Kavanaugh estavam embriagados no momento do incidente. A mulher admite que, devido ao consumo de álcool, há vários momentos dessa noite dos quais não se recorda com exactidão.

O artigo da New Yorker em que surge a nova denúncia é da autoria de Ronan Farrow, o repórter que tem liderado as investigações jornalísticas sobre membros proeminentes da sociedade norte-americana suspeitos de crimes sexuais (à cabeça, Harvey Weinstein), sendo um dos impulsionadores do movimento #MeToo.

Juiz diz-se inocente, Casa Branca defende-o

Kavanaugh está a meio de um processo de confirmação no Senado para ocupar uma vaga no Supremo, e enfrenta na quinta-feira a audição de Christine Blasey Ford, a primeira mulher a acusá-lo de má conduta.

Pelo menos quatro senadores democratas receberam informações sobre a nova denúncia, e dois começaram a investigar as alegações. “Esta é mais uma alegação grave, credível e perturbadora contra Brett Kavanaugh. Terá de ser investigada por completo”, declarou à revista a senadora democrata Mazie Hirono, do Havai.

Segundo a New Yorker, o caso também já terá chegado ao conhecimento de republicanos no Senado.

Numa declaração enviada à New Yorker, Kavanaugh nega a acusação: “Este suposto acontecimento de há 35 anos não aconteceu. As pessoas que me conheciam na altura sabem que isto não aconteceu, e já o disseram. Isto é difamação, pura e simples. Espero depor [no Senado] na quinta-feira e defender o meu bom nome – e a reputação de carácter e integridade que levei toda a vida a construir – contra estas acusações de última hora”.

Também a Casa Branca saiu em defesa de Kavanaugh perante a mais recente denúncia. Tanto Trump como a generalidade do Partido Republicano têm defendido o nomeado para o Supremo e acusado a oposição democrata de fazer uma gestão política do caso Ford com vista a tentar travar a confirmação do juiz pelo Senado. A menos de dois meses das eleições intercalares, o conturbado processo de confirmação de Kavanaugh tornou-se de facto no principal campo de batalha entre republicanos e democratas.

Antigos estudantes dividem-se sobre nova denúncia

A New Yorker contactou vários antigos estudantes de Yale na sequência da denúncia de Ramirez. A maioria não quis prestar declarações ou disse não se recordar do caso, mas pelo menos duas pessoas corroboram a ocorrência de um incidente de contornos semelhantes ao que foi denunciado. Um colega de Ramirez e de Kavanaugh que não quis ser identificado e que não estava presente na festa disse que já tinha ouvido a história tal como foi agora relatada na revista. Outro antigo estudante que aceitou dar o nome, Richard Oh, recorda ter visto uma aluna a chorar e a contar a mesma história logo após a referida festa, mas não se lembra se seria Ramirez. 

Um antigo colega de quarto de Kavanaugh na universidade, James Roche diz não conseguir "imaginar que [Ramirez] inventasse isto". E, apesar de afirmar que nunca testemunhou comportamentos impróprios de cariz sexual da parte de Kavanaugh, admitiu que este estava "frequentemente, inconscientemente bêbedo" e que poderia ter participado num episódio como o que foi relatado: "É credível que ela estivesse sozinha com um grupo de rapazes predatórios que acharam que seria engraçado importunar sexualmente uma miúda como a Debbie? Sim, definitivamente. É credível que Kavanaugh fosse um deles? Sim".

Mas há também quem desminta a acusadora. Dois estudantes que Ramirez acusa de terem estado na festa em que o incidente ocorreu, em conjunto com a mulher de um terceiro estudante presumivelmente envolvido, e ainda três outros antigos alunos do mesmo ano enviaram um comunicado conjunto à revista a negar as alegações e a defender Kavanaugh: “Podemos dizer com confiança que se o incidente a que a Debbie alude alguma vez ocorreu, nós tê-lo-íamos testemunhado ou ouvido falar dele — e isso não aconteceu. O comportamento que ela descreve não se encaixa de maneira nenhuma na personalidade do Brett [Kavanaugh]”.