Livro de Sánchez reproduz parágrafos de discurso de diplomata sem o citar

Obra de 2013 do presidente do Governo de Espanha, com o economista Carlos Ocaña, copia palavras do diplomata Manuel Cacho numa conferência. Governo garante que se tratou de um “erro involuntário”.

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Pedro Sánchez, presidente do Governo de Espanha EPA/BALLESTEROS

Pedro Sánchez e Carlos Ocaña reproduziram no livro A Nova Diplomacia da Economia Espanhola, de 2013, parágrafos inteiros de cinco das sete páginas de uma intervenção do diplomata Manuel Cacho numa conferência da Universidade Camilo José Cela (Madrid), sem citar a fonte original ou pôr o conteúdo entre aspas.

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Pedro Sánchez e Carlos Ocaña reproduziram no livro A Nova Diplomacia da Economia Espanhola, de 2013, parágrafos inteiros de cinco das sete páginas de uma intervenção do diplomata Manuel Cacho numa conferência da Universidade Camilo José Cela (Madrid), sem citar a fonte original ou pôr o conteúdo entre aspas.

A notícia foi avançada esta quinta-feira pelo El País que, para além de contabilizar 454 palavras de Cacho no livro do presidente do Governo de Espanha e do economista, encontra pelo menos 18 páginas de referências de outros autores não citadas. O diário espanhol garante a existência de outras cinco reproduções, para além da que envolve o diplomata.

O Governo espanhol confirmou a reprodução das palavras de Manuel Cacho no livro, mas garantiu que a sua não citação não foi mais do que “um erro involuntário” dos autores. “Os co-autores apenas podem lamentar o ocorrido e proceder à sua correcção o mais brevemente possível. As próximas edições da obra incluirão a citação correcta”, garantiu o Palácio da Moncloa (sede do executivo), em resposta ao El País.

O próprio Cacho, actual embaixador de Espanha na Austrália, revelou que não lhe foi pedida permissão para a utilização das suas palavras, mas rejeitou fazer juízos de valor sobre o tema.

Sobre as restantes cinco reproduções identificadas pelo jornal – um discurso no Congresso do ministro Miguel Sebastián; uma intervenção plenária; um relatório do Ministério da Economia; um telegrama de uma agência noticiosa; e um comunicado do Conselho de Ministros – a Moncloa rejeita a existência de qualquer irregularidade: “Está tudo em ordem. É permitida a utilização de iniciativas e documentos de carácter parlamentar, que são de uso público”.

Publicado nove meses depois da intervenção de Cacho num simpósio da Universidade Camilo José Cela, o livro tem como tema central a tese de doutoramento do presidente do Governo espanhol, na altura deputado, que foi recentemente divulgada ao público, em resposta às acusações de irregularidades.

A classe política espanhola tem estado debaixo de fogo devido às recorrentes suspeitas levantadas sobre títulos académicos conseguidos de forma fraudulenta, que envolvem dirigentes de diferentes partidos