Projecto Radar promove inclusão dos idosos de Lisboa

O programa tem como objectivo estabelecer um registo de 30.000 idosos que vivem sozinhos e criar condições para que continuem a ter uma vida autónoma e confortável.

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O projecto procura identificar todas as situações de pessoas com mais de 65 anos que vivam sozinhos e criar medidas para as ajudar. daniel rocha

As ruas de Lisboa podem ser uma armadilha para quem já não tem a agilidade de outros tempos. Os paralelepípedos ou as pedras da calçada mal assentes são rasteiras no caminho de muitos, sobretudo dos mais idosos. Por isso, já há projectos de intervenção nestes pisos em zonas onde muita da população já passou a barreira dos 65 anos. Esta é uma das medidas no âmbito do projecto Radar, anunciadas nesta segunda-feira durante a assinatura de um protocolo entre várias instituições.

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As ruas de Lisboa podem ser uma armadilha para quem já não tem a agilidade de outros tempos. Os paralelepípedos ou as pedras da calçada mal assentes são rasteiras no caminho de muitos, sobretudo dos mais idosos. Por isso, já há projectos de intervenção nestes pisos em zonas onde muita da população já passou a barreira dos 65 anos. Esta é uma das medidas no âmbito do projecto Radar, anunciadas nesta segunda-feira durante a assinatura de um protocolo entre várias instituições.

O projecto Radar pretende sinalizar a população com mais de 65 anos e construir sistemas de base comunitária de integração social. O protocolo junta a Câmara Municipal de Lisboa (CML), a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, a Polícia de Segurança Pública (PSP), as Comissões Sociais de Freguesias e as Juntas de Freguesia está incluído no programa "Lisboa, cidade de todas as idades". O objectivo é fazer um registo de 30.000 idosos que vivem sozinhos e criar condições para que continuem a ter uma vida autónoma e confortável. Para além disso, propõem identificar as situações de risco e melhorar os serviços prestados aos mais velhos.

Assim, o programa inclui medidas como a substituição de calçada por pisos ditos mais confortáveis para que "as pessoas sintam segurança e vivam de forma autónoma", explicou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, que referiu o investimento em dez novos ou renovados centros de saúde na cidade. 

O presidente reconhece que "às vezes a substituição de banheiras por polibãs, a instalação de um pequeno corrimão, o rebaixamento do acesso a uma casa, de uma pequena rampa em vez de um degrau, que é mais alto e causa receio à queda" é o suficiente para o bem-estar de idosos que vivem isolados e que, desta forma, podem estar mais confortáveis. 

Com este protocolo, pretende-se que as respostas às necessidades desta população sejam pensadas de forma articulada. Este "é um problema social complexo e que não se compadece com intervenções sectoriais lineares e, na maioria das vezes, descoordenadas", sublinhou, neste sentido, a directora do Instituto de Segurança Social - centro distrital de Lisboa, Isabel Saldida.

Também o intendente da PSP de Lisboa, Virgínia Cruz, sublinha que este protocolo é crucial nas missões diárias da polícia que têm "uma especial atenção para a população idosa". "Muitas vezes, somos os únicos a quem esta camada da população liga durante a semana", refere. 

Segundo dados da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, 24% da população tem mais de 65 anos e há cerca de 35.000 habitações onde os idosos vivem sozinhos. O presidente da Associação regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco, refere que "os portugueses vivem cada vez mais anos" e prevê-se que em 2026 existam quase 100.000 idosos em Lisboa com mais de 75 anos, quase o dobro do que em 2001. 

Este projecto, em que se procura identificar todas as situações de pessoas com mais de 65 anos que vivam sozinhos e criar medidas que facilitem as suas vidas, são objectivos que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa pretende prosseguir. Porque há que mudar a imagem que se tem destas pessoas, disse Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa. A inspiração veio de Barcelona, Espanha, onde existe um programa semelhante que tenta corresponder aos desafios do envelhecimento da cidade.

"Não há futuro para a cidade de Lisboa se não houver uma sociedade coesa", afirma Fernando Medina. "Não podemos assumir que as pessoas a partir dos 65 anos deixem de poder participar na vida activa da cidade".

Texto editado por Ana Fernandes