Empreendedores têm níveis de bem-estar superiores

Aqueles que têm o seu próprio negócio dão mais significado ao trabalho que fazem do que os trabalhadores por conta de outrem, conclui estudo internacional que envolveu 22 mil participantes de 16 países.

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Bruno Lisita

Os empreendedores, que trabalham por conta própria no seu negócio, têm níveis de bem-estar superiores e atribuem mais significado ao trabalho que fazem do que os que trabalham por conta de outrem. Estas são duas das conclusões de um estudo internacional que envolveu 22 mil participantes de 16 países (Portugal, Bélgica, Alemanha, Grécia, Espanha, França, Irlanda, Letónia, Hungria, Holanda, Roménia, Eslovénia, Finlândia, Suécia, e Reino Unido).

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Os empreendedores, que trabalham por conta própria no seu negócio, têm níveis de bem-estar superiores e atribuem mais significado ao trabalho que fazem do que os que trabalham por conta de outrem. Estas são duas das conclusões de um estudo internacional que envolveu 22 mil participantes de 16 países (Portugal, Bélgica, Alemanha, Grécia, Espanha, França, Irlanda, Letónia, Hungria, Holanda, Roménia, Eslovénia, Finlândia, Suécia, e Reino Unido).

O trabalho, apresentado esta quinta-feira na 13.ª conferência da Academia Europeia da Psicologia da Saúde, que se realiza no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, tem por base dados do Global Entrepreneurship Monitor, do Inquérito Europeu às condições de Trabalho recolhidos em 2010 e do Eurostat.

O estudo coordenado por Susana Tavares, também professora do ISCTE, quis responder a três perguntas: têm os empreendedores níveis de bem-estar mais elevados do que os trabalhadores por conta de outrem? Se sim, porquê esta diferença? E haverá contextos nacionais em que ser trabalhador por conta própria ou por conta de outrem tenha um impacto diferente no significado que se retira do trabalho?

“Verificámos que em todos os 16 países, em média, os empreendedores apresentam níveis superiores de vitalidade, ou seja com mais frequência dizem que se sentem positivamente energizados, cognitivamente mais activados quando comparados com os trabalhadores por conta de outrem. Por outro lado, em média, os empreendedores também atribuem mais sentido e significado ao trabalho que fazem do que os trabalhadores por contra de outrem”, explica.

A investigadora destaca um outro resultado que considera ser dos mais interessantes: o favorecimento do empreendedorismo também beneficia os trabalhadores por conta de outrem. “Em países em que ser empreendedor é uma opção de carreira considerada socialmente mais legítima, os trabalhadores por conta de outrem atribuem mais sentido ao trabalho que fazem. Porquê? Nos países em que a opção de ter uma carreira independente não é socialmente aceitável, nesses países ser trabalhador por conta de outrem é uma inevitabilidade. Em países que ser empreendedor é uma boa opção de carreira, ser trabalhador por conta de outra é uma opção. Como é uma escolha activa, as pessoas atribuem mais sentido à actividade que têm.”

A Holanda é o país em que a maior percentagem de pessoas (85,4%) considera que ter uma iniciativa própria de negócio é uma boa opção de carreira, enquanto a Finlândia está na ponta oposta com 46,1%. Portugal conta com uma percentagem de 67,5%. Itália, Grécia e Espanha têm percentagens próximas das de Portugal.

Trabalhos diferentes, riscos diferentes

Também nesta quinta-feira é apresentado o AGE - Monitorização e Gestão da Saúde e da Idade no Trabalho, estudo coordenado por Sara Ramos. Este trabalho que tem uma amostra de 3106 pessoas e avaliou dados recolhidos em 2015 contou com a colaboração da Autoridade para as Condições do Trabalho.

O objectivo, explica a também professora do ISCTE, é que este seja um estudo longitudinal que permita avaliar ao longo do tempo a evolução da saúde dos trabalhadores. Os primeiros dados permitiram confirmar a percepção que os riscos a que os trabalhadores estão sujeitos são muito diferentes de acordo com o sector de actividade. E que as dificuldades que as empresas enfrentam são diferentes de acordo com a sua dimensão.

Uma das conclusões que Sara Ramos destaca é a diferença entre o tipo de trabalhadores. “Quanto mais precário é o vínculo, mais negativa é a situação dos trabalhadores. Isto é a percepção dos trabalhadores. Os efectivos sentem-se menos expostos ao risco, acham que têm mais condições de trabalho.”

O estudo também avaliou a percepção dos funcionários quando ao efeito do trabalho que desempenham no surgimento ou agravamento de doenças. A investigadora refere que as pessoas sabem de forma muito clara quais as doenças que relacionam com o trabalho. Curiosamente, são os trabalhadores precários – aqueles que consideram estar sujeitos a piores condições – que menos fazem a ligação entre o trabalho e as doenças. “A explicação pode ser não fazerem o link por não estarem tanto tempo num posto de trabalho”, refere a investigadora, que acrescenta que a exposição a determinados factores eleva a prevalência de problemas de saúde menos em faixas etárias mais baixas.