As boas notícias de Tina Fey

Great News, que durou duas temporadas entre 2017 e 2018, é uma sitcom criada por Tracey Wigfield com produção de Fey, que partilha algum do ADN cómico de 30 Rock, a obra-prima da humorista norte-americana.

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Great News, criada por Tracey Wigfield, tem algum do ADN das séries da produtora executiva Tina Fey DR

Foi há cinco anos que 30 Rock, a criação de Tina Fey que é uma das mais brilhantes e inventivas sitcoms deste milénio, com uma enorme proporção de piadas hilariantes por minuto. Mas o espírito dessa série continua vivo, agora no Netflix. Não só Fey tem The Unbreakable Kimmy  Schmidt, também criada por ela e Robert Carlock, como também está agora disponível no serviço de streaming Great News, outra sitcom com produção executiva de ambos que durou duas temporadas entre Abril de 2017 e Janeiro deste ano.

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Foi há cinco anos que 30 Rock, a criação de Tina Fey que é uma das mais brilhantes e inventivas sitcoms deste milénio, com uma enorme proporção de piadas hilariantes por minuto. Mas o espírito dessa série continua vivo, agora no Netflix. Não só Fey tem The Unbreakable Kimmy  Schmidt, também criada por ela e Robert Carlock, como também está agora disponível no serviço de streaming Great News, outra sitcom com produção executiva de ambos que durou duas temporadas entre Abril de 2017 e Janeiro deste ano.

A premissa da série, que saiu da cabeça de Tracey Wigfield, que escrevia para Rockefeller 30 The Mindy Project, na qual também era actriz (algo que volta a acontecer aqui), não é brilhante. Tudo se centra na mãe-galinha de uma jornalista que é produtora de um programa de notícias televisivo que, na terceira idade, se torna estagiária desse mesmo programa e volta a fazer a vida da filha num inferno. Porém, o pretexto não interessa, tal como não interessava em 30 Rock: é um veículo para o tom cómico absurdo e brilhante que Fey trouxe à televisão, com todo o absurdo e a estranheza que isso comporta. Ao mesmo tempo, não é igual a 30 Rock nem a Unbreakable  Kimmy Schmidt: as séries só partilham algum do mesmo ADN.

Parte da culpa disso é do elenco. A começar pela mãe, que é interpretada por Andrea Martin, uma lenda da Broadway que nos anos 1970 e 1980 fazia parte da equipa de luxo do clássico canadiano da comédia de sketches SCTV, é Carol, a mãe. A veterana actriz americana eleva tudo aquilo em que aparece e é uma das mais fiáveis presenças cómicas que existem (mais ou menos ao mesmo tempo, fez também Difficult People, série do Hulu que nunca teve estreia por cá). Briga Heelan, de Cougar Town, faz de Carol, a filha, com o seu quê de patético, enquanto o britânico Adam Campbell, veterano de algumas das piores comédias cinematográficas de sempre, como Date Movie e Epic Movie, faz do patrão e potencial parceiro romântico de Carol.

Nomes sólidos como Horatio Sanz, ex-Saturday Night  Live, ou John Michael Higgins, que é capaz de dizer as coisas mais estúpidas com o maior ar de autoridade imerecida, no papel de um pivô da velha guarda que é ao mesmo tempo burro como uma porta, também aparecem por lá. Mas a maior revelação de tudo é Nicole Richie, a filha de Lionel Richie que na década passada subiu à fama como estrela de reality shows. A actriz faz da outra pivô do programa, brilhante a navegar o mundo moderno das celebridades e das redes sociais, mas sem grande inteligência noutras áreas.

Great News foi cancelada em Maio, pouco depois de ter fechado uma segunda época gloriosa, em que a série tinha finalmente apurado tudo e transformado em algo realmente substancial, com episódios óptimos sobre temas como assédio sexual no trabalho e o histerismo anti-politicamente correcto (com o qual a série goza, discordando assim de Unbreakable Kimmy Schmidt, que o perpetua) enquanto avançou nas relações entre as personagens. É uma pena que não tenha podido crescer mais. Mas o que ficou feito já vale a pena.