Um desenho disfarçado de livro para mostrar o que está mal em São Paulo

Periferia é um retrato da metrópole brasileira, que não usa imagens ou palavras. O livro de Andrés Sandoval explora os problemas de São Paulo, sobrepondo e multiplicando carimbos feitos por si. Lançamento é esta quinta-feira, na livraria Circo de Ideias, no Porto.

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Uma pessoa que dá origem a uma multidão, uma gota de água que parece uma enchente ou 47 carimbos que parecem uma cidade. Um desenho que é um livro — que pode ser folheado ou aberto como uma concertina — e mostra imagens diferentes consoante a proximidade do olhar. Periferia é o lançamento mais recente da Tower Block Books — uma editora com foco na arquitectura, nos espaços e sítios — e retrata São Paulo sem usar palavras ou imagens.

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Uma pessoa que dá origem a uma multidão, uma gota de água que parece uma enchente ou 47 carimbos que parecem uma cidade. Um desenho que é um livro — que pode ser folheado ou aberto como uma concertina — e mostra imagens diferentes consoante a proximidade do olhar. Periferia é o lançamento mais recente da Tower Block Books — uma editora com foco na arquitectura, nos espaços e sítios — e retrata São Paulo sem usar palavras ou imagens.

É através do uso repetido de carimbos que o livro representa uma paisagem inspirada em São Paulo, onde não são esquecidas as favelas e casas empilhadas, as estradas congestionadas, as cheias, a poluição e as manifestações. Por outras palavras, “é um trabalho que retrata a cidade e o que está mal com ela, os seus problemas e as coisas mais duras”, descreve Rute Nieto Ferreira, da Tower Block Books, ao P3.

O autor, Andrés Sandoval — artista gráfico chileno que vive em São Paulo desde criança —, retratou a cidade sem usar palavras e com uma só cor, o vermelho. O resultado é “uma coisa rude, mas, por outro lado, muito bonita”, refere Rute. A sobreposição e multiplicação dos carimbos cria uma paisagem confusa e opressora, mas visualmente agradável. “O Andrés tem uma estética, uma forma de ver e desenhar muito particular e o trabalho que ele faz com os carimbos é muito interessante. Ele próprio, na capa do livro, fala sobre a essência de fazer uma marca que é muito efémera, mas que, por outro lado, é para sempre”, continua.

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Antes de chegar ao nome actual, o livro já se tinha chamado Chuva, “porque há um grande momento no livro, em que chove muito”, explica a responsável da editora. Mas o nome gravado na capa acabou por ser Periferia. “É uma palavra muito bonita e, sendo São Paulo uma cidade tão grande, a ideia de periferia é de uma coisa que não é centro nem subúrbio. É quase um passeio que passa por várias coisas: algumas agradáveis, outras mais difíceis”, refere Rute.

Periferia é indicado para “pessoas interessadas em artes gráficas, design gráfico, cidades e sítios”, mas pode também ser mostrado a crianças “como ferramenta para começar uma conversa sobre carimbos, impressões, trabalhar com uma só cor”. O livro é lançado esta quinta-feira, 26 de Julho, pelas 18h30, na livraria Circo de Ideias, no Porto. A sessão de lançamento conta com uma conversa virtual com Andrés sobre “como o livro aconteceu e de onde vieram estas ideias”, revela Rute Nieto Ferreira.