Oito rinocerontes-negros morreram depois de serem transportados para um parque

Estima-se que existam cerca de 5500 rinocerontes-negros no mundo, dos quais 750 estão no Quénia. Espécie é alvo de caça furtiva devido ao valor dos chifres no mercado asiático.

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Uma fêmea rinoceronte negro a ser transportada, em Junho de 2018, para o Parque Nacional do Este de Tsavo, Quénia LUSA/DAI KUROKAWA

Oito rinocerontes-negros (Diceros  bicornis), uma espécie ameaçada de extinção, morreram no Quénia após terem sido transferidos para um novo parque nacional, anunciou o Governo queniano nesta sexta-feira.

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Oito rinocerontes-negros (Diceros  bicornis), uma espécie ameaçada de extinção, morreram no Quénia após terem sido transferidos para um novo parque nacional, anunciou o Governo queniano nesta sexta-feira.

O Ministério do Turismo e Vida Selvagem queniano explicou em comunicado que os animais estavam a ser transportados de Nairobi para o Parque Nacional do Este de Tsavo (no Sul do país) e que as primeiras investigações indicam que terão morrido por envenenamento por sal, depois de terem ingerido água com elevadas concentrações de sal no seu novo habitat. Quanto mais água salgada bebiam, mais sede tinham (devido à desidratação), o que levou a que o organismo dos animais rapidamente entrasse em colapso, explicam especialistas citados pela BBC News. O transporte de rinocerontes foi agora suspenso e os seis que sobreviveram (no total, foram transferidos 14 indivíduos) estão a ser monitorizados.

Porém, a causa da morte não é ainda certa e o Governo garante que irá levar a cabo uma investigação para averiguar se este foi um caso de negligência. Caso se justifique, "uma acção disciplinar será definitivamente tomada" e os resultados serão tornados públicos. Cathy Dean, directora da organização internacional Save  the  Rhino, explicou ao jornal britânico Guardian que é necessário levar a cabo uma investigação e um inquérito adequados sobre o que aconteceu e rever todo o protocolo de transporte. 

O Ministério do Turismo e Vida Selvagem afirma ainda que este é um número de mortes de rinocerontes "sem precedentes" em mais de uma década de realocações destes animais. De acordo com dados do ministério, entre 2005 e 2017, o Quénia transportou 149 rinocerontes, registando-se oito mortes. Este é "um completo desastre" e que quer saber "o que correu mal", diz Paula Kahumbu, conservacionista que faz parte da organização queniana WildlifeDirect, avança à agência Associated Press. O transporte de rinocerontes é "complicado, é como mover barras de ouro" e requer um planeamento cuidadoso e extrema segurança "devido ao valor destes animais raros", acrescenta Kahumbu. Este processo, regra geral, envolve sedar os animais durante a viagem e tem como objectivo a conservação e reprodução populacional da espécie noutros habitats. 

rinoceronte-negros  está criticamente em perigo de extinção devido à perda de habitat e à caça ilegal para venda dos seus chifres que são extremamente valiosos no mercado asiático. Segundo a World Wide Fund for Nature (WWF), as populações de rinoceronte-negro diminuíram drasticamente no século XX, essencialmente devido à caça e colonização europeia. Nos dias de hoje, estima-se que existam menos de 5.500 rinocerontes-negros no mundo (todos eles em África), escreve a BBC, dos quais cerca de 750 estão no Quénia. Em Março, morreu no Quénia o último rinoceronte-branco-do-norte macho, de nome Sudan, que foi abatido devido a graves complicações de saúde.