Assis reage a Santos Silva: "Não é possível conceber uma 'geringonça parte II'"

Eurodeputado do PS comenta a entrevista do ministro dos Negócios Estrangeiros ao PÚBLICO e à Renascença. Também Manuel Alegre reage às declarações de Santos Silva.

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Francisco Assis não acredita na reedição da geringonça Rui Gaudêncio

Francisco Assis, eurodeputado do PS, não acredita que a "geringonça" seja reeditada, sobretudo tendo em conta as condições colocadas pelo número dois do Governo, Augusto Santos Silva, em entrevista ao PÚBLICO e à Renascença.

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Francisco Assis, eurodeputado do PS, não acredita que a "geringonça" seja reeditada, sobretudo tendo em conta as condições colocadas pelo número dois do Governo, Augusto Santos Silva, em entrevista ao PÚBLICO e à Renascença.

Na entrevista, o governante diz que para haver um novo acordo entre o PS, o BE, o PCP e o PEV teria de aumentar o nível de compromisso entre os parceiros, estendendo o entendimento a questões de política externa e europeia.

À pergunta de Carla Rocha, jornalista da Renascença, sobre se acha possível que haja uma "geringonça II", Francisco Assis responde: "Não. E pelo que acabei de ler, o dr. Augusto Santos Silva também acha que não é possível". Assis explica que o ministro dos Negócios Estrangeiros "estabelece condições [para a geringonça II] que ele sabe que são absolutamente insusceptíveis de serem concretizadas", nomeadamente ao propor "que haja entendimento entre o BE e o PCP em torno das políticas externa e europeia, que são duas matérias de fractura absoluta entre o PS e esses partidos".

Para Assis, na entrevista Augusto Santos Silva "está a enunciar o princípio da impossibilidade estrutural de uma 'geringonça' como solução estável e de futuro para Portugal". O socialista defende ainda que esta solução de governo foi "conjuntural" e sempre teve um "prazo de validade muito curto e sem perspectiva futura".

"A prova disso é que o número dois do Governo está a estabelecer condições que são incumpríveis", dando como exemplo o "cenário delirante" de o PS defender a saída de Portugal da NATO ou de PCP e BE se tornarem "atlantistas e pró-europeistas", o que seria "não menos delirante", defende Assis, para acrescentar: "Ainda não atingimos o estado de delírio absoluto. Não é possível conceber uma 'geringonça parte II'".

Certidão de óbito

Já depois destas declarações de Francisco Assis também o histórico Manuel Alegre reagiu à entrevista de Santos Silva, em declarações ao Expresso, mostrando-se "frontalmente" contra as opiniões do ministro.

"O segredo desta solução governativa e a habilidade de António Costa foi terem ficado de fora, precisamente, estes temas inconciliáveis", disse Manuel Alegre ao semanário, assumindo que, ao colocar aqueles assuntos em cima da mesa, "Santos Silva está a inviabilizar a continuação da 'geringonça' e a passar-lhe uma certidão de óbito".

O importante, acrescenta Alegre, "é esclarecer se isto corresponde apenas à sua opinião, a uma corrente do Governo ou [se foi dito] em nome do primeiro-ministro".