Sindicato antecipa atrasos em exames e análises devido à greve às horas extra

Sindicato dos Enfermeiros antecipa que este seja um mês de “muitas dificuldades na articulação dos serviços”. Vários hospitais mantêm horários de 40 horas para profissionais que deviam ter transitado para as 35, denunciam os sindicatos.

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MARIA JOAO GALA

Esta segunda-feira, no segundo dia de greve às horas extraordinárias de enfermeiros e técnicos de diagnósticos e terapêutica, terão sido poucas as consequências sentidas pelos utentes. Mas, mantendo-se o protesto (que não tem data para terminar), é provável que se reflicta num aumento do tempo de espera para a realização de exames e análises clínicas, assim como um adiamento dos cuidados de enfermagem não urgentes, antecipam os sindicatos.

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Esta segunda-feira, no segundo dia de greve às horas extraordinárias de enfermeiros e técnicos de diagnósticos e terapêutica, terão sido poucas as consequências sentidas pelos utentes. Mas, mantendo-se o protesto (que não tem data para terminar), é provável que se reflicta num aumento do tempo de espera para a realização de exames e análises clínicas, assim como um adiamento dos cuidados de enfermagem não urgentes, antecipam os sindicatos.

Luís Dupont, presidente do Sindicato dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, diz que com esta greve, tendo em conta a carência de recursos humanos agravada pelo período de férias e pela passagem para as 35 horas, “as equipas vão começar a ficar com menos pessoas porque há necessidade de garantir os serviços mínimos nas urgências”. O que se pode reflectir em “atrasos na realização de análises clínicas e exames”, noutros meios complementares de diagnóstico e alguns tratamentos.

Para o sindicalista, a contratação de 2000 profissionais prevista para este mês não será suficiente para colmatar as necessidades e peca por ser tardia. As maiores dificuldades devem ser sentidas nos grandes centros hospitalares e em unidades já anteriormente carenciadas, como as algarvias, aponta Luís Dupont.

Também José Azevedo, presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), antecipa que este seja um mês de “muitas dificuldades na articulação dos serviços”. O dirigente do sindicato afecto à UGT diz que a greve colocará em evidência a falta de cerca de 2000 enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde.

Ambos os sindicatos denunciam que vários profissionais têm bolsas de horas por pagar – alguns com “200 e 300 horas” no caso dos técnicos de diagnóstico e terapêutica –, sendo esta greve uma “forma destes mostrarem que estão fartos e não trabalham mais horas sem serem renumerados por isso”, afirma Luís Dupont.

Horários com 40 horas

A greve às horas extra iniciada no domingo coincidiu com a entrada em vigor das 35 horas para enfermeiros, assistentes operacionais, auxiliares e técnicos de diagnóstico e terapêutica e fisioterapeutas de profissionais com contratos individuais de trabalho. No entanto, há hospitais que mantêm os antigos horários com 40 horas, denunciam os sindicatos. Um deles é o serviço de enfermagem da urgência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, confirmaram ao PÚBLICO enfermeiros da unidade. O Diário de Notícias adianta que são vários os serviços do maior hospital do país nesta situação. A Ordem dos Enfermeiros garante ao jornal que o mesmo se repete em quase todas as unidades do país que esperam aprovação das Finanças para contratar profissionais.

Alexandre Lourenço, presidente Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, diz que “de uma forma genérica não tem havido problemas de maior”. “As escalas dos hospitais já estavam feitas, recorrendo a horas extraordinárias naquelas que ficassem por preencher”. Maiores dificuldades podem vir a ser sentidas em Setembro, quando a afluência aos hospitais voltar a aumentar após o período mais calmo de férias.

Os sindicatos em protesto reúnem esta semana com o ministério. Os enfermeiros (SE e Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem) na terça-feira. Técnicos de diagnóstico na quarta.